Em Jaboatão, Olinda e Paulista, antigos oposicionistas e críticos às gestões municipais aderiram aos palanques governistas e agora têm espaço de destaque nos novos governos
Juliane Menezes
Eles criticaram prefeitos e, em alguns casos, ficaram até conhecidos como ferrenhos opositores. Repentinamente, esquecem as desavenças e abrem mão de suas candidaturas para apoiar os palanques governistas. Após a reeleição dos gestores, os ex-opositores aparecem discretamente com cargos de prestígio e confiança nas prefeituras, seja para eles próprios ou seus familiares. Este é o resumo de um enredo vivenciado hoje nos municípios de Jaboatão dos Guararapes, Olinda e Paulista.
Em Jaboatão, o ex-vereador Luiz Carlos Matos (PTB) foi pré-candidato a prefeito e membro da frente "Muda Jaboatão", de oposição ao prefeito reeleito Elias Gomes (PSDB). Fazia duras críticas à gestão tucana, mantendo até um blog na internet com informações negativas sobre o governo. Às vésperas da sua convenção, Matos desistiu de se tornar candidato alegando baixos índices nas pesquisas de intenção de voto e aderiu ao palanque de Elias. Com o início da nova gestão, tornou-se secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia, Ciência e Turismo.
Já na "briga" entre o PPS e o PSDB no município, quem obteve um cargo não foi o pivô do impasse, o ex-vice-prefeito Edir Peres (PPS), cortado da chapa de reeleição de Elias Gomes. Foi a presidente estadual do PPS, Débora Albuquerque, quem protagonizou ameaças de rompimento da aliança entre as legendas e que agora tornou-se superintendente do Procon em Jaboatão. Ela foi assessora especial do Procon até abril do ano passado, quando pediu exoneração alegando problemas de relacionamento entre os dois partidos. Volta agora.
Em Paulista, Felipe Andrade, o Felipe do Veneza (PTC), foi pré-candidato e membro da frente "Somos Paulista", formado pelas oposições contra o então candidato e agora prefeito eleito Júnior Matuto (PSB), apoiado pelo então prefeito Yves Ribeiro (PSB). Desistiu de se tornar candidato para aliar-se a Matuto, alegando estar "priorizando os interesses do povo e deixando as particularidades de lado". Agora, Felipe recebeu o cargo de secretário de Turismo, Cultura, Desporto e da Juventude.
Antes ferrenho crítico das gestões do PCdoB em Olinda, o ex-deputado estadual André Luís Farias, o Alf (PMN), colocou-se como pré-candidato de oposição ao prefeito Renildo Calheiros (PCdoB). Junto com os demais pré-candidatos oposicionistas, participou de diversas "Tribunas do Povo", onde o grupo montava palanques itinerantes pela cidade para criticar a gestão. Às vésperas do início da campanha, Alf também desistiu da candidatura para apoiar a reeleição de Renildo. Na montagem do novo governo, sua irmã, Ana Paula Farias (PMN), foi agraciada com uma das assessorias especiais da prefeitura, cargo com status de secretário.
Já no Recife, o deputado Raul Henry (PMDB) era pré-candidato e membro do grupo das oposições contra a gestão anterior, comandada pelo PT e pelo PSB. Pouco depois de o PSB lançar o agora prefeito Geraldo Julio (PSB), Henry abriu mão de sua pré-candidatura e passou a apoiar o projeto socialista. Mas não obteve cargos na prefeitura ou no governo do Estado, o PMDB é que foi contemplado.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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