Dilma Rousseff, que entrou com o pé esquerdo em 2013, tenta acertar o passo: assumiu o comando da crise de energia, ouviu o setor privado e quer os principais ministros reunidos nesta semana com setores empresariais. No fim, vai prestar contas a Lula.
A palavra de ordem é "destravar" a economia e o governo ou, quem sabe, destravar a própria Dilma.
Ela deve convocar Casa Civil, Fazenda e Planejamento para se reunirem nesta terça-feira com Bernardo Figueiredo, da EPL (Empresa de Planejamento e Logística), e Rodolpho Tourinho, do Sinicon (o sindicato da construção pesada). De preferência no Planalto, para dar densidade e visibilidade ao encontro.
A constatação é óbvia: nem fazendo mágica o BNDES tem como alavancar os imensos projetos de infraestrutura que o país precisa. Logo, a iniciativa privada tem de entrar. O problema é como.
Duas formas triviais e disponíveis são as encruadas PPPs (Parcerias Público-Privadas) e o regime de concessões, que ainda arranham a garganta de Dilma, dividida entre a alma estatizante e o cérebro pragmático, que vê claramente a saída para investir em estradas, portos, aeroportos, hidrelétricas...
A queda do investimento, aliás, teve peso importante no vexaminoso crescimento de 2012, que puxa a longa lista de críticas ao governo: níveis preocupantes dos reservatórios das hidrelétricas, queda de contratos de energia, inflação há três anos acima do centro da meta e as constrangedoras manobras contábeis para escamotear o fato de que o governo, segundo a Folha de ontem, economizou 35% a menos em 2012.
Além do fator econômico, há o cálculo político na ação de Dilma: ela precisa manter o apoio do empresariado, antes que ele volte de vez ao aconchego de Lula e dali se bandeie para outras candidaturas aliadas ou até da oposição -se não aderir ao grito do "Volta, Lula".
Fonte: Folha de S. Paulo
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