Para militância, deputado foi fiel defensor da sigla no episódio do mensalão, mas para os aliados falta a ele jogo de cintura
Fernando Gallo
Depois de quatro anos, o PT realizará em novembro o Processo de Eleições Diretas (PED), mais importante processo eletivo interno do partido, que definirá a nova composição de suas direções em âmbito nacional, estadual e municipal. Embora um ano os separe do PED, os petistas já deflagraram as articulações para compor as chapas que comandarão o partido nos próximos três anos. No plano nacional, o favorito para presidir o PT é o atual presidente, deputado estadual Rui Falcão. Tido como “linha dura”, Falcão agradou à militância pela condução da sigla durante o delicado ano de 2012, em que o partido esteve exposto por causa do processo do mensalão, e soube compor habilmente com outras correntes, mas foi fustigado durante o processo eleitoral por integrantes de partidos tradicionalmente aliados, como o PSB e o PC do B, que nos bastidores o acusavam de ser sectário e ter a “cintura dura” no jogo eleitoral. Como tradicionalmente o presidente do partido integra a coordenação da campanha petista à Presidência da República, Falcão terá de driblar desconfianças e tensionamentos com aliados, como aqueles que teve com o presidente nacional do PSB, governador Eduardo Campos (PE), ao longo do ano passado, durante a construção da chapa do PT na eleição de 2014.
Integrante do grupo Novo Rumo, Falcão foi eleito vice-presidente no último PED, mas assumiu logo no início do mandato em função da renúncia do então presidente, José Eduardo Dutra, da Construindo um Novo Brasil (CNB), tendência majoritária no partido. Com bom diálogo com a CNB, deve ter o apoio da corrente para disputar a reeleição. Como apoio do PTLM, co-mandado pela família Tatto, as três tendências devem repetir a chapa que saiu vitoriosa no PED 2009 com 55,1% dos votos. Além de pequenas candidaturas da esquerda petista, Falcão deve enfrentar apenas uma candidatura oposicionista média, da Mensagem ao Partido, tendência que tem entre seus quadros o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. O nome mais cotado na Mensagem é o do deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). No último PED, a Mensagem foi a segunda chapa mais votada,mas seu candidato, Cardozo, teve apenas 17,2% dos votos.
São Paulo
Em São Paulo o favorito para comandar o diretório estadual é o ex-prefeito de Osasco Emídio de Souza. Contudo, ele terá de costurar apoios dentro de sua corrente, a CNB, onde ainda não há consenso. Parte de seus integrantes acredita que Emídio saiu desgastado do episódio da renúncia de João Paulo Cunha à candidatura a prefeito de Osasco no ano passado quando da condenação do deputado no julgamento do mensalão. Para eles, Emídio “rifou” João Paulo no dia seguinte à renúncia para conseguir eleger seu sucessor. Essa ala da CNB faz força para colocar na rua a candidatura do deputado federal Vicente Cândido (PT-SP).
Fonte: O Estado de S. Paulo
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