Um dia depois de propor um "novo pacto político e de posturas" para o País, governador afirma que, na verdade, o que fez foi um chamado "a todos os brasileiros"
Ayrton Maciel
O governador e provável candidato à Presidência da República, em 2014, Eduardo Campos (PSB), minimizou ontem declarações que fez no sábado - em almoço de apoio e lançamento da candidatura oferecido pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB) -, quando propôs ao País para "uma nova agenda e um novo pacto político e de posturas", esclarecendo que o chamado foi "a todos os brasileiros, governistas e oposicionistas". Indagado se "a nova agenda" seria com ou sem a presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, Eduardo evitou uma resposta direta à pergunta: "Não coloco nesses termos (sim ou não). Essa agenda tem que ter o olhar de todos".
A resposta enigmática foi dada ontem à tarde, ao chegar com o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), ao Marco Zero para a abertura do projeto Recife Antigo no Coração. Preocupado em não alimentar conclusões de que será candidato, o governador repetiu - quando perguntado se a convocação feita por Jarbas para que dispute era um caminho sem volta - que "só fala de 2014 em 2014, porque é preciso ganhar 2013", a frase mais escutada nos últimos meses. "Nos prazos (certos), a gente discute", completou. As colocações comedidas, sem o entusiasmo do sábado, predominaram ontem.
Na chegada ao Marco Zero, Eduardo e Geraldo Julio acabaram passando por uma saia-justa, quando um grupo de 40 jovens skatistas - proibidos de praticar o esporte na área - ensaiaram uma vaia e gritos de protesto pela proibição. O prefeito acalmou os manifestantes prometendo encontrar espaços para a volta da prática. Pela manhã, Eduardo e Geraldo Julio estiveram, com os filhos, no Parque da Jaqueira, onde lançaram a Ciclofaixa de Turismo e Lazer. Eduardo chegou a ser cumprimentado por um padre.
Com o crescimento do nome do governador nos espaços da mídia nacional, suas críticas à economia e ao desempenho do governo, as declarações "dúbias" sobre suas pretensões e a postergação da decisão para 2014, Eduardo e Dilma - que inauguram, hoje, a Adutora do Pajeú, em Serra Talhada, a 420 quilômetros - revelam indícios de distanciamento político, que pode caminhar para uma ruptura. Também indagado sobre o que quis dizer com a frase "o novo não nasce sem dor", Eduardo afirmou: "Tem a ver com a história, onde os (novos) processos nascem com dor, uma dor necessária. A nova agenda Brasil precisa do olhar e comprometimento de todos. A redemocratização foi assim. A chegada de Lula ao governo teve uma agenda, mas antes dele houve outras agendas", explicou.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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