A divulgação, pela revista "Época" de detalhes do inquérito que investiga o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) por montar um suposto esquema de propina em Nova Iguaçu levou o petista a reagir duramente contra o governador Sérgio Cabral (PMDB), piorando ainda mais no Rio a relação entre os dois principais partidos da base de Dilma. O petista, pré-candidato ao governo, acusou o PMDB de fazer dossiês, e o Estado de negligência por causa do atraso em obras das chuvas. Em nota, Cabral disse que "desaprova e desautoriza o uso de dossiês" e que lamenta "a atribuição deste ao PMDB".
Após denúncia, Lindbergh reage atacando Cabral e o PMDB do Rio
Governador diz desaprovar e desautorizar dossiês contra adversários
Cássio Bruno
A guerra declarada entre o PMDB do Rio e o senador e pré-candidato ao governo do estado em 2014 pelo PT, Lindbergh Farias, está longe do cessar-fogo. Depois de a revista "Época" ter publicado denúncia, a partir de informações do PMDB, sobre supostas irregularidades do petista quando ele era prefeito de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, Lindbergh contra-atacou. Levantamento apresentado ontem pelo grupo político do senador, a pedido do próprio Lindbergh, mostra que R$ 887 milhões que teriam sido repassados pela União ainda não foram utilizados pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) na reconstrução das cidades da Região Serrana castigadas pelas chuvas em 2011. A presidente Dilma Rousseff vai hoje a Petrópolis com Cabral e com o vice-governador Luiz Fernando Pezão, outro pré-candidato, e participará de uma missa pelos mortos nos deslizamentos da semana passada.
- Quem faz guerra de dossiês e jogo sujo é o PMDB. Essa é a política velha que queremos derrotar. Em vez de ficarem fabricando dossiês, eles deveriam se concentrar nas obras da Região Serrana. A Dilma fez tudo certo ao liberar os recursos. O problema é que, dois anos depois, as obras não foram iniciadas. Muitas (obras) não foram licitadas, e outras ainda estão em fase de elaboração de projetos. Isso tem nome: má gestão e negligência com a vida das pessoas - disparou Lindbergh em entrevista ao GLOBO.
A verba federal transferida seria referente à construção de casas, contenção de encostas, dragagem de rios e drenagem da água das chuvas, a obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e à reconstrução de pontes.
A briga entre Lindbergh e Cabral se transformou numa dor de cabeça para Dilma e para o ex-presidente Lula, já que PT e PMDB são os dois principais partidos da aliança que tentará reeleger a presidente. O governador, que quer a eleição de Pezão, se irritou depois de Lindbergh tê-lo criticado nas inserções partidárias do PT na TV e no rádio. Em resposta, o PMDB fluminense ameaçou não apoiar Dilma caso os petistas mantivessem o senador na disputa.
No fim de semana, Lindbergh colocou um vídeo no Facebook. Nele, lembra o episódio que provocou uma crise no governo Cabral no ano passado: as fotos publicadas na internet pelo deputado federal Anthony Garotinho (PR) em que secretários de Cabral aparecem se divertindo, em 2009, com guardanapos na cabeça, em Paris, ao lado do governador e do ex-presidente da Delta Construções Fernando Cavendish, que chegou a ser investigado por suposta ligação com o contraventor Carlinhos Cachoeira.
- Estão querendo jogar todo mundo na lama. Não adianta. Eles não vão conseguir colocar um guardanapo na minha cabeça. Temos outra conduta: não faço política patrimonialista e para enriquecer - diz Lindbergh, no vídeo.
Cabral respondeu por nota:
"O governador desaprova e desautoriza o uso de dossiês, lamentando constatar a atribuição deste ao PMDB. À Justiça, cabe julgar fatos. Quaisquer diferenças entre políticos devem ser tratadas com a devida seriedade e respeito dentro do campo político".
Já a Secretaria Estadual de Obras não quis comentar as informações sobre as obras na Região Serrana.
Na reportagem, a revista "Época" fez um levantamento a partir de documentos, obtidos com o PMDB, que fazem parte de um inquérito a que Lindbergh responde no Supremo Tribunal Federal (STF). O senador petista é acusado de ter montado um esquema de recebimento de propinas de empresas contratadas pela prefeitura de Nova Iguaçu. O parlamentar nega.
Fonte: O Globo
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