César Felício
BUENOS AIRES - Entre estudantes e militantes católicos no Chile e lideranças evangélicas e indígenas na Argentina, a ex-senadora Marina Silva, criadora do novo partido Rede, lotou auditórios em Santiago e Buenos Aires neste fim de semana para divulgar como seu movimento se encaixaria em uma reação mundial contra o que chamou de "crise civilizatória no planeta".
"Existe uma franja, de cerca de 20%, que se descola das estruturas tradicionais e busca uma nova maneira de caminhar, de aperfeiçoar a institucionalidade. É o que se viu no Chile, o que se sentiu com a Primavera Árabe, com as manifestações na Europa e em tantos lugares no mundo", comentou Marina, em palestra na Faculdade de Ciências Econômicas, organizada por Guillermo Prein, pastor da Igreja Pentecostal "Nueva Vida", em companhia da líder tehuelche Moria Millán e a líder da comunidade Qom, Amanda Asijak. Nas eleições presidenciais de 2010, Marina Silva teve 19% dos votos.
"É o que acabamos de ver também na Itália, com Beppe Grillo", comentou Prein, referindo-se ao líder do Movimento 5 Estrelas, novo partido anti-sistema que recebeu 25% dos votos na eleição parlamentar italiana e se recusa a aliar-se com os partidos tradicionais para formar um novo governo no país.
A aversão à política tradicional é forte no movimento ambientalista argentino. A militância ecologista se confunde com a indígena e é a vertente mais radical dos movimentos sociais, distante tanto da presidente Cristina Kirchner quanto da oposição. A exploração mineral cresce, especialmente nas encostas da cordilheira dos Andes, onde é grande a presença de "povos originários", como se referem aos indígenas.
No Chile, Marina também se dividiu entre lideranças de contestação e movimentos vinculados a religiosos. A ex-senadora visitou a ONG Teto, liderada pelo padre jesuíta Felipe Berrios e com presença em diversos países da América Latina, e palestrou num centro de estudos mantido pela Igreja Católica. Teve reunião fechada com os líderes estudantis que colocaram em cheque o governo Sebastian Piñera em 2011.
Fonte: Valor Econômico
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