Ele é o documentarista da vida política brasileira pós-Getúlio Vargas. Silvio Tendler, 63 anos, já mergulhou na história de Jango, JK e Tancredo Neves. Seus filmes ajudaram o brasileiro a entender os meandros do poder. Agora, de uma vez só, prepara três filmes para lembrar, em 2014, os 50 anos do golpe militar de 1964, que jogou o país numa ditadura por 21 tenebrosos anos.
“Vou reconstituir a História em três séries para a TV Brasil, que depois serão transformadas em longa. O espectador, um ser inteligente, monta a História toda na cabeça depois”, explica. O que une cada um dos filmes é a resistência.
“Os advogados contra a ditadura” conta a saga dos advogados pelos porões da repressão. “É gente acima do bem e do mal: Sobral Pinto, Modesto da Silveira, Heleno Fragoso, entre outros.”
“Militares pela democracia” revela o preço alto que homens do Exército, da Marinha e da Aeronáutica pagaram por reagirem ao golpe dentro dos quartéis. Há algumas surpresas. Luiz Pinguelli Rosa, o físico, era tenente do Exército, estava pronto para defender o presidente João Goulart, mas foi preso no dia 31 de março. Acabou expulso do Exército. Por sugestão da irmã, virou físico. “Grande irmã. Hoje, ele seria um coronel medíocre e aposentado”, imagina Silvio, que ainda procura personagens desta história. Um deles é um tal de comandante Guerra, que levou Jango para São Borja.
“Há muitas noites na noite” é uma preciosidade. Narra a vida do poeta Ferreira Gullar no exílio. Tem o apoio da Ancine, da Oi e do governo do Rio. É baseado no espetacular “Poema sujo”, de Gullar. Silvio vai contar a vida de Gullar desde o golpe, passando pelo exílio, até a volta ao país, em 1976. Quando o poeta chegou do exílio, foi direto dar um mergulho no mar de Ipanema. “Nessa hora, ele falou ‘aqui termina o golpe’. Uma maravilha, né?”
Fonte: O Globo /Coluna do Ancelmo Gois
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