Enquanto o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, fazia ontem sua imersão no Senado Federal, com café, almoço e jantar com representantes de diferentes partidos, o governo Dilma Rousseff dava suas tacadas no sentido de lhe tirar fôlego nos estados. O movimento mais emblemático foi o almoço do vice-presidente da República, Michel Temer, o ex-governador Íris Rezende e a deputada Íris de Araújo, mulher de Rezende, para discutir novas filiações ao PMDB de Goiás.
Michel Temer trabalha a filiação do empresário Júnior, da Friboi, que entra como pré-candidato a governador do estado contra o PSDB do governador Marconi Perillo, palanque certo para o tucano Aécio Neves. Júnior, que obteve empréstimos por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social (BNDES) há mais de um ano, era do PSB de Eduardo Campos e, obviamente, não seguirá sozinho para engrossar as forças peemedebistas.
Eduardo ainda não havia se sentado para jantar com senadores do PMDB quando petistas e peemedebistas comemoravam o movimento de Temer como um intento no sentido de tirar fôlego de Eduardo na disputa pela Presidência da República no ano que vem. Outras coreografias políticas virão pelo Brasil afora, garantem os peemedebistas, de forma a serem divulgadas no momento oportuno.
A filiação de Júnior da Friboi ao PMDB tem impacto na política da mesma forma que a visita de Lula a Belo Horizonte na segunda-feira tenta atrair eleitores de Aécio Neves para o PT no plano nacional. Se esses movimentos darão resultados, ainda é impossível prever. Afinal, eles agem como se 2014 fosse hoje, esquecendo-se que ainda faltam 15 meses para as convenções partidárias que deflagram a campanha eleitoral.
Enquanto isso, no plenário da Câmara...
Os índios criaram uma confusão invadindo o plenário justamente no dia em que a base governista se preparava para aprovar o projeto que tira dos novos partidos tempo de tevê e fundo partidário. A proposta, aliás, começa a ganhar ares de divisor de águas entre dois grupos. O do contra é aqueles que podem seguir com Aécio Neves ou Eduardo Campos logo ali na frente. Os favoráveis são os alinhados com a reeleição da presidente Dilma Rousseff, empenhados em não deixar brechas de sorte para o azar.
A proposta tem o objetivo claro de coibir a migração de deputados e lideranças políticas para novos partidos, como aquele em gestação pelo deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, e a Rede de Marina Silva. Também engloba nessa cerca a resultante da fusão entre PPS e PMN, a ser confirmada hoje.
O raciocínio dos governistas é claro. A oposição, avaliam os petistas, chegou ao seu "piso", ou seja, está no osso e dificilmente ficará menor. Logo, uma migração partidária hoje tiraria deputados da base governista insatisfeitos com o estilo da presidente. Sendo assim, o melhor caminho para o governo é evitar que isso ocorra.
Ontem, Eduardo aproveitou a reunião com os senadores do PSB para se colocar de peito aberto contra a proposta. Disse que era uma questão de justiça deixar que Marina construa a sua Rede e outros deputados também, especialmente, depois que o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab construiu o PSD, hoje aliado ao governo Dilma. E nas falas de Dilma...
Hoje tem Comitê de Política Monetária (Copom), que discutirá o patamar de juros. A presidente trata de deixar claro que, se for necessário adotar um aumento dos juros, o novo índice não chegará às alturas que se viu no passado. Ou seja, tenta transformar o limão da economia sob risco em limonada política. Se esse discurso surtirá efeito, veremos quando surgirem pesquisas eleitorais de fato, daqui a 15 meses.
Fonte: Correio Braziliense
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