Governador de Pernambuco e potencial candidato à Presidência diz que investimentos "salvariam" a economia.
João Domingos
BRASÍLIA - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, potencial candidato à sucessão presidencial pelo PSB em 2014, elevou ontem o tom das críticas à política econômica da presidente Dilma Rousseff e explorou as dificuldades do governo em conter a inflação. Campos disse que, nessa briga contra a alta dos preços, elevar juros "não é um desastre". A afirmação dele foi feita logo depois de almoço com representantes do bloco PTB/ PR/PSC/PPL no Senado.
"É fundamental nesse instante conter a inflação. É um desafio para que o consumo e o poder de compra das famílias e do Estado possa continuar a cumprir o papel que o consumo cumpriu na retomada do crescimento no primeiro momento da crise", disse ele. "Precisamos animar os investimentos. E, para animar os investimentos públicos, é fundamental garantir recursos para os Estados e municípios seguirem cumprindo sua carteira de obras, que geram emprego e ajudam a economia a crescer."
No início do ano, Campos afirmou que a presidente Dilma Rousseff precisaria atuar na economia com investimentos fortes, para salvar o ano de 2013, porque perder o primeiro trimestre seria perder todo o ano. Para ele, a presidente poderia ter feito mais: "Eu acho que os três meses poderiam ter sido melhores do " que foram". Indagado sobre a irritação do governo com suas críticas, comentou: "Tenho de exercer meu direito de falar e respeitar o direito de cada um gostar ou não".
Campos afirmou ainda que o governo precisa entregar ao setor privado o marco regulatório de áreas estratégicas que estão em aberto. E citou: "Portos, setor elétrico, petróleo e gás", Ele lidera o movimento contrário à aprovação da Medida Provisória dos Portos, que está em exame no Congresso. Ele acusa o governo de não ter ouvido os interessados na questão, e de interferência indevida na Federação.
Manobras. O governador criticou também o governo que, a seu ver, não é transparente nas manobras que faz sobre o afrouxamento das metas de ajuste fiscal. "Eu acho que a gente tem de cumprir meta fiscal. Há um tripé (ajuste fiscal, controle da inflação e câmbio flutuante) que segura a política econômica e que precisa ser mantido com toda a clareza. Não vejo nenhuma gravidade que se faça uma repactuação do superávit primário. Mas é preciso fazer isso de forma clara, transparente, mostrando por que estamos fazendo e em nome de quê."
E continuou: "O que às vezes complica é quando não se encara com toda tranquilidade, com toda clareza. Tivemos exemplo disso no fechamento do ano de 2012. Acho que é preciso tratar essas coisas com tranquilidade e com transparência. O mundo inteiro vive um momento muito duro na economia. E nós não podemos abrir mão é do controle inflacionário".
Fonte: O Estado de S. Paulo
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