Objetivo do senador, que assume hoje o comando nacional da legenda, é obter apoio da ala ligada a José Serra
Em seu discurso, pré-candidato à Presidência dirá que PT transformou país em um 'cemitério de obras inacabadas'
Natuza Nery, Catia Seabra
BRASÍLIA - Potencial nome à Presidência em 2014, o senador Aécio Neves (MG) chega hoje ao comando do PSDB com fortes ataques à administração petista: "O Brasil de hoje é um cemitério de obras inacabadas", está em "ruínas".
Durante a convenção que o aclamará hoje presidente da sigla, ele sobe o último degrau antes de oficializar sua candidatura ao Palácio do Planalto com o desafio de resgatar um partido há dez anos fora do poder federal.
Um dos trechos do discurso, o primeiro como dirigente, mostra a ofensiva contra Dilma Rousseff.
"País que não sabe escolher suas prioridades, como ocorre no Brasil hoje, termina por se transformar em um cemitério de obras inacabadas. É como nos versos de Caetano Veloso. Aqui tudo parece ainda em construção e já é ruína'."
Para o público interno, ele dirá que seu trabalho é focar em um "novo ciclo". Apesar das divisões no PSDB vistas nos últimos meses, emanadas sobretudo do grupo ligado à José Serra, afirmará que o PSDB tem, sim, unidade, e precisa olhar para frente.
Em meio a dúvidas sobre a permanência de Serra no partido, sua presença no evento é encarada como sinal de que ele pretende ficar. Nas duas vezes em que disputou a Presidência, em 2002 e 2010, Serra se mostrou insatisfeito com o apoio recebido de Aécio.
Na tentativa de superar essa divergência e pavimentar apoio em São Paulo, Aécio contemplou o PSDB paulista com a metade dos cargos da Executiva Nacional.
Quatro deles, a propósito, serão ocupados por serristas: Alberto Goldman, Andrea Matarazzo, Aloysio Nunes e Mendes Thame.
Em almoço ontem com a bancada de deputados, o futuro presidente da legenda afirmou que a convenção sintetizará um esforço pela harmonização do partido e citou a presença de Serra e do governador Geraldo Alckmin (SP) como sinal de que o partido se unifica para se consolidar como alternativa ao que chamou de "lulopetismo".
Aos deputados, o senador lembrou que ao final da atual gestão o PSDB completará 12 anos longe da Presidência e que é preciso empenho total para não estender essa conta. "Os membros da Executiva não terão cargos, mas encargos. Não terão bônus, mas o ônus de unir o partido num momento crucial", disse o mineiro, segundo o deputado Mendes Thame, futuro secretário-geral da legenda.
No evento de hoje, Aécio dirá que o PSDB é um partido de centro-esquerda que tem compromisso com ações sociais desde sua fundação, e que a política social de maior alcance não foi o Bolsa Família, mas a estabilização da economia e o controle da inflação.
Fonte: Folha de S. Paulo
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