Ayrton Maciel
Com origem e DNA ideológico de esquerda, as articulações políticas do governador de Pernambuco, presidente nacional do PSB e possível candidato a presidente da República, em 2014, Eduardo Campos, com setores tradicionalistas e da direita brasileira começam a inquietar a esquerda, que tenta criar uma redoma em torno do socialista - enquanto ele não se decide -, para descaracterizar o risco da eventual candidatura ser estigmatizada como de "direita". Líderes da aliança dividem-se, com o PT alegando que "Eduardo não disse que é candidato" e revelando a esperança que permanecerá com Dilma Rousseff (PT), e PCdoB, PTB e PSB ressalvando que, caso decida disputar coligado à direita, as ideias hegemônicas serão as do PSB.
Neto de um ícone da esquerda brasileira, o ex-governador Miguel Arraes, há uma semana Eduardo sentou à mesa, em Goiás, com o deputado federal e ex-presidente da União Democrática Ruralista (UDR), Ronaldo Caiado (DEM-GO), e convidou o deputado Paulo Bornhausen e o pai Jorge Bornhausen (PSD-SC)), ex-presidente do DEM, a ingressarem no PSB. Paralelamente, conversa com o PSD do ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, partido que ajudou a fundar - em grande parte oriundo do DEM - e com tradicional segmento evangélico. "O PT trabalha para ter Eduardo ao lado de Dilma. É importante para o Estado e para a história política dele. O espaço para terceira via é muito restrito. É governo contra oposição", pondera o senador Humberto Costa. "O discurso (feito) não tem aderência. Dilma fará muito mais e melhor que qualquer candidato da base", observa o presidente do PT, Pedro Eugênio.
Próximo de um e de outro (PT e PSB), o PCdoB diz que debater com forças distintas "é natural da democracia" e lembra que o PSB é da esquerda histórica. "Se acontecer uma candidatura, ele pode não abrir mão do ideário transformador do PSB", defende o vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira.
O senador Armando Monteiro Neto (PTB) ressalva que "a questão ideológica não está tão acesa quanto em outros tempos" e recorda que fazer acordo com a direita não é fato novo. "Dr. Arraes fez, Lula fez. O eixo hegemônico é o que conta. Não vejo como empurrar Eduardo para a direita", alega.
Líder de Eduardo na Assembleia Legislativa, Waldemar Borges (PSB, ex-PCB) repara que tem se conversado com todos os setores, mas que qualquer que seja o desdobramento, "os valores do PSB é que prevalecerão". "Há um grande espaço político que PT e PSDB não conseguem representar", aponta.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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