Eleição do senador mineiro à presidência do partido em chapa única hoje em Brasília abre caminho para a campanha dele ao Palácio do Planalto em 2014. Serra não confirmou presença
Juliana Cipriani
Com chapa única formada depois de muitas articulações e discurso de pacificação entre paulistas e mineiros, o PSDB elege hoje o senador Aécio Neves (MG) presidente nacional da legenda. Em convenção em Brasília, na presença das principais lideranças tucanas, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o nome do mineiro será confirmado pelos cerca de 1,5 mil convencionais esperados. Apesar da pacificação anunciada, até a noite de ontem, a poucas horas do evento, ninguém arriscava garantir a presença do ex-governador paulista José Serra, que não constava sequer da lista de autoridades que discursariam. "Se ele for, ele fala", justificou um dos organizadores da festa.
Foram meses de negociação que levaram Aécio Neves a incluir parlamentares serristas na chapa que vai comandar o partido nos próximos dois anos e comandar a atuação da legenda nas eleições presidenciais de 2014. O deputado federal Sérgio Guerra (PE) deixa a presidência para comandar o Instituto Teotônio Vilela e o deputado federal Mendes Thame (SP), indicado por Alckmin e próximo de Serra, passa a ser o secretário-geral – segundo posto mais importante, que até ontem era exercido pelo deputado federal mineiro Rodrigo de Castro. Além deles, ficou definido que a vice-presidência será um colegiado presidido pelo paulista e serrista Alberto Goldman. Além dele, integrarão o grupo de vices os deputados federais Bruno Araújo (PE), Emanuel Fernandes (SP) e o ex-senador Tasso Jereissati (CE).
A campanha interna para se firmar como condutor do partido fechou com um almoço ontem entre o senador Aécio Neves e a bancada federal tucana em uma churrascaria de Brasília. Um dos presentes, o futuro secretário-geral Mendes Thame (SP), demonstrou afinidade com o tucano mineiro. "Ele (Aécio) é uma pessoa que administra delegando, com a participação de todos. Deixou claro que a formação dessa executiva não é um ônus, mas um bônus. Não um cargo mas um encargo, e disse que conta com a participação de todos para o bem comum do partido", afirmou.
O paulista Thame garantiu a unidade do partido, que segundo ele não é um evento isolado mas um processo consolidado. "O processo de superação nos dá hoje bons momentos, teremos, espero, uma participação bastante expressiva de São Paulo na convenção do ano que vem. Acima de tudo, colocamos o partido em primeiro lugar, as diferenças entre Minas e São Paulo não existem ou não podem existir", reforçou ele. Para o deputado, a eleição de Aécio presidente do PSDB lhe dá transparência e o consolida como um dos mais fortes candidatos à Presidência da República. Segundo Thame, a candidatura que for definida será referendada por todos os tucanos. O paulista disse "esperar" a participação de Serra, para quem não seria "nenhum demérito o atual momento partidário". Não quis, contudo, confirmar a presença. "Houve uma manifestação inicial dele (Serra) nos jornais e esperamos que esteja lá. Sua presença é muito importante", enfatizou.
O atual secretário-geral, Rodrigo de Castro, também não confirmou a ida de Serra, nem a assessoria de imprensa do PSDB. Na programação interna do partido, estão previstos, a princípio, os discursos de Sérgio Guerra, Tasso Jereissati, Geraldo Alckmin, Arthur Virgílio (prefeito de Manaus), Fernando Henrique Cardoso (ex-presidente da República) e Aécio.
Pacificado Um dos principais entraves à candidatura do senador mineiro à Presidência era a resistência de parte do PSDB de São Paulo aliada a Serra, que concorreu duas vezes ao Palácio do Planalto. Na última, em 2010, ele disputou internamente a candidatura com Aécio, que acabou desistindo de ir às prévias partidárias e participou da campanha do paulista. Desde o início do ano, o mineiro aumentou as incursões à capital paulista para aparar as arestas.
Parlamentares de Minas Gerais também reforçaram ontem a tese de unidade partidária. Rodrigo de Castro afirmou que Aécio vence mais uma etapa para firmar sua candidatura. "O partido está unificado, São Paulo está participando intensamente e é fundamental para o futuro do PSDB porque, além de ser o principal estado da federação, é onde o PSDB sempre foi mais forte. Não passa por ninguém um projeto nacional sem o apoio dos paulistas", argumentou. O deputado federal Paulo Abi-Ackel disse que a briga entre paulistas e mineiros é coisa do passado. "O clima é o melhor possível. Todos os deputados que, por acaso, são amigos do Serra são hoje muito ligados ao Aécio", garantiu.
Encerrada a convenção, a ordem é que Aécio comece a rodar o país. "Ele se dedicou muito nos últimos meses a essa pacificação interna, então agora vai percorrer o Brasil, até porque é atribuição própria do cargo isso", lembrou o secretário-geral Rodrigo de Castro.
Fonte: Estado de Minas
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