Governador-presidenciável trabalha na formação de palanques nos Estados para dar sustentação ao seu projeto nacional
Bruna Serra
Se até o final do primeiro mandato, o mapa de Pernambuco decorava seu gabinete no Palácio do Campo das Princesas, o governador Eduardo Campos (PSB) começa, em silêncio, a se debruçar cuidadosamente sobre o mapa do Brasil. O presidenciável, por enquanto, não quer holofotes. O objetivo é manter em sigilo os palanques estaduais que pretende arregimentar nos próximos meses.
O trabalho das lideranças do PSB está se desenvolvendo por regiões, sempre em busca de representações políticas que cumpram dois requisitos considerados fundamentais pelo estafe socialista: baixa vulnerabilidade ao assédio dos petistas e capacidade de suportar retaliações de aliados do Planalto. Eduardo Campos tem dito nos bastidores que não é o momento de fechar questão. Apenas de iniciar um estudo e mapear potenciais aliados.
A prioridade é costurar os apoios ao seu palanque. A pesquisa Datafolha divulgada em março deste ano apontou como resultado interno mais relevante o fato de o governador ser desconhecido por 55% do eleitorado nacional. O foco, então, voltou-se para a articulação de alianças que garantam ao menos cinco minutos durante a propaganda partidária na televisão. O tempo dos sonhos do socialista seria de seis a oito minutos, por isso tal afinco nas movimentações da chapa presidencial.
Algumas alianças estaduais, apesar de já estarem um curso, não devem ser fechadas com açodamento para evitar choques com a ambição maior, a nacional. Todas as possibilidades serão utilizadas de maneira a atrair mais aliados para a chapa majoritária.
No Centro-Oeste, por exemplo, Eduardo tem avançado muito. Mato Grosso e Goiás são os mais promissores. Isso porque a região, reduto do agronegócio, sofre pouca influência do principal adversário: o PT. Isso está possibilitando negociações mais céleres.
A Região Sul também tem recebido atenção especial do socialista. O ex-presidente Lula foi derrotado nos três Estados da região em 2002 e 2006. No Paraná e em Santa Catarina, dois importantes cenários podem ser fechados. O PSB se fia nisso para reforçar sua inserção junto ao eleitorado sulista. No Rio Grande do Sul, o líder do PSB na Câmara Federal, Beto Albuquerque, tem a missão de montar um palanque competitivo.
Os Estados do Sudeste estão sendo tratados como prioritários devido à concentração de mais de 50 milhões de eleitores espalhados principalmente por São Paulo, Rio e Minas Gerais. É certo que Eduardo terá palanques nos três. São articulações cuidadosas porque nenhum presidenciável pode se dar ao luxo de perder a eleição em qualquer um desses três Estados.
Os prefeitos do interior de São Paulo, região economicamente expressiva, serão os próximos a receber a visita do governador. Uma agenda política está sendo preparada para que Campos esteja com os gestores do interior paulista ainda no mês de maio. É onde o PSB encontrará como principal adversário o PSDB, que é o partido da maioria deles.
No Norte, os palanques já alinhavados estão no Acre, Amazonas e em Roraima. No Nordeste, devido ao grande número de prefeitos e governadores filiados ao partido, as articulações não são prioridade. A compreensão é que o governador é conhecido entre os nordestinos e que a inserção do partido na área já está consolidada, exigindo por hora, menos intensidade.
Os articuladores da candidatura Eduardo
De olho na postulação do pernambucano à Presidência, socialistas desempenham funções específicas para pavimentar o caminho do líder do PSB ao Palácio do Planalto
As primeiras conversas políticas com potenciais aliados começam sempre despretensiosas. Aproveitando a curiosidade que políticos e empresários têm na figura do presidenciável Eduardo Campos, sua equipe trabalha de forma discreta. Um almoço, um café, um convite para palestra ou reunião. Quatro homens estão atualmente na linha de frente das articulações políticas com vistas à formação de palanques nos Estados.
Milton Coelho, secretário de Governo e amigo de Campos, é um dos principais interlocutores. Ele recebe os contatos de prefeitos e governadores que querem conhecer um pouco mais de perto o governador. Agenda encontros, oferece uma visita ao Estado para apresentar o modelo de gestão e, claro, explica como Eduardo está se inserindo na corrida sucessória de 2014.
Primeiro secretário do PSB, Carlos Siqueira também é um mensageiro do chefe. Ele fica a maior parte do tempo em Brasília e atua institucionalmente. Conversa com dirigentes de partidos como o PSD e o Mobilização Democrática, para repassar informações que possam resultar na chegada de novos "curiosos". A ordem é não apressar as articulações, não precipitar fatos concretos. Apenas alimentar e estimular um flerte.
"Eduardo Campos é como o sangue AB+. Receptor universal. O trabalho é para chegar ao segundo turno porque depois ele recebe votos do PSB, do partido de Marina (Silva). Estamos focados em prospectar alianças e não em fechar", explicou uma fonte ligada ao comandante nacional do partido.
O senador Rodrigo Rollemberg (DF) também tem sido um importante na fase de pré-campanha para o PSB. Ele tem estimulado reuniões do governador com entidades de classe e com a bancada independente no Senado. Também tem mantido o controle da bancada da Casa Alta que constantemente está se posicionando em oposição aos interesses do governo federal.
Líder do PSB na Câmara, quem completa o quarteto é o deputado federal Beto Albuquerque (RS). Foi ele quem organizou um encontro de Campos em Porto Alegre com 4 mil empresários. Também tem se colocado na linha de frente para rebater o PT e fazer a defesa da postulação do PSB. Conversa constantemente com deputados que se sentem atraídos pela maior aposta do partido, neste momento, para conquistar aliados: a expectativa de poder.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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