As nuvens que pairam sobre a nossa economia são cada vez mais escuras. Já se fala que o crescimento econômico, este ano, não atingirá 3%. Da mesma forma como ocorreu no ano passado, começou-se com a previsão de 4% e o ano acabou com um crescimento de 0,9%. Cada dia que passa, há uma revisão do índice esperado... para baixo.
A esperada reação da indústria não se deu: em março de 2013 tivemos queda da produção industrial, menos 3,3% em relação a 2012; o acumulado em 2013 é negativo, menos 0,5%; o acumulado em 12 meses é de menos 2,0%. Tudo negativo. Essa estagnação/retração da produção industrial puxa para baixo o índice de crescimento do PIB do conjunto da economia. Justamente a área que poderia impulsionar a inovação e a criação de empregos de melhor qualidade.
Uma das razões dessa retração é a queda das exportações dos produtos industriais – caíram 5% no primeiro trimestre desse ano, em razão da fraca recuperação das principais economias do mundo e da falta de competitividade do produto industrial nacional nos mercados internacionais. Mas as importações continuam crescendo, e bem. Em especial, São Paulo sofre duramente. Em vários ramos tradicionais a queda das exportações é brutal, chegando a ser superior a 80% em poucos anos, enquanto as importações desses produtos cresceram em até 800%. Éramos superavitários, agora somos deficitários. E estamos perdendo os mercados da Europa, da Ásia, dos EUA e até da Argentina.
E as más notícias não param: a produção nacional de petróleo caiu 8,2% em março em relação a fevereiro. Vem caindo sistematicamente. A média diária agora é de 1,85 milhões de barris por dia, apesar do crescimento do início da exploração do pré-sal, que se aproxima de 300 mil barris diários. Aliás, o governo federal nos entope com propaganda na TV citando esse número sem citar a queda global de produção de petróleo. Lembram-se que o Lula anunciou, em 2010, que já tínhamos atingido 2 milhões de barris diários? Se era verdade ou não, não sei – provavelmente não – mas hoje estamos abaixo desse número. E a Graça ( Foster ) diz que até 2020 a Petrobrás dobrará de tamanho. Que graça!
Além disso, a erosão das contas públicas. Estamos gastando mais do que podemos e mais do que o nosso endividamento interno permite, e não é para investimentos, o que poderia ser desejável. Sem investimentos não há crescimento econômico.
Sobre a inflação, já se sabe: não existe mais a meta. O que era antes o teto da meta – 6,5% - passou a ser, de fato, o centro da meta.
Maus augúrios. E não é porque torcemos contra o país, conforme dona Dilma nos acusa. É porque o governo é incompetente e irresponsável.
Alberto Goldman, ex-governador de S. Paulo, é vice-presidente do PSDB
Fonte: Blog do Goldman
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