Presidente do PT diz que ministros, o procurador-geral e o TCU atuam como oposição, mas exclui Eduardo Campos da lista
Paulo de Tarso Lyra
O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou ontem, durante seminário promovido pela tendência Movimento PT, em Brasília, que o governo sofre com uma oposição bem mais ampla do que aquela feita por PSDB, DEM e PPS. “Ela está presente também em altas fontes do Judiciário, como alguns ministros do Supremo Tribunal Federal, alguns ministros do Tribunal de Contas da União e setores do Ministério Público, concentrados na figura do procurador-geral da República (Roberto Gurgel), que não se conformam com o fim de privilégios”, enumerou o presidente do PT.
Diante da militância petista, Falcão condenou o discurso de que o governo está sendo leniente com a inflação. “Tentam criar um clima de pânico, como se fôssemos retomar os índices do governo Fernando Henrique. O acumulado inflacionário nos oito anos de governo FH foi de 100,06%. Nos oito anos de governo Lula, somados aos dois de governo Dilma, temos um acumulado de 74%. Este discurso é de quem é contra o Brasil”, acusou o dirigente petista.
Diferentemente de Valter Pomar, da tendência Articulação de Esquerda, que incluiu o PSB de Eduardo Campos como uma das vozes que tentam minar o governo nas eleições de 2014, Falcão preferiu poupar o governador pernambucano das críticas. “Eduardo e o PSB não estão na oposição, eles integram a nossa base de apoio”, declarou. Falcão esquivou-se da pressão feita por setores do PT para que o PSB perca os cargos que têm no governo federal. “Se Eduardo for candidato, é melhor que eles deixem o governo, mas eu ainda tenho esperanças de que ele esteja conosco no ano que vem”, completou.
Valter Pomar, que mais uma vez será candidato à presidência do partido contra o próprio Falcão, afirmou que 2014, quando analisado apenas superficialmente, promete uma trajetória tranquila, amparada pelos altos índices de popularidade tanto da presidente Dilma quanto do governo federal. Mas, segundo ele, quando analisado mais profundamente, o cenário é complexo. “Existe um movimento articulado da oposição, representada por Aécio Neves (PSDB-MG) e Marina Silva (Rede), que pretende se aliar a um integrante da base, Eduardo Campos (PSB), para levar a eleição ao segundo turno e tornar a situação muito difícil para nós”, destacou Pomar.
Mensalão
Pomar foi o único que citou o processo do mensalão, ao afirmar que, no momento mais difícil da história do PT, entre 2005 e 2007, foi “a militância petista que salvou o partido”. Ele também defendeu uma autonomia da sigla em relação a Lula e Dilma. “Foram velhos hábitos de falta de diálogo interno que levaram, no passado recente, algumas pessoas a acharem que podiam fazer tudo, prejudicando o partido”, reforçou.
Convidado pela tendência petista para falar em nome do governo, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, resolveu unificar lulistas e dilmistas ao afirmar que, no imaginário da população, refletido nas pesquisas de opinião pública, Lula e Dilma são uma coisa só. Ele ainda lembrou o esforço do governo para encaminhar ao Congresso um projeto de lei com urgência constitucional destinando 100% dos royalties para educação. O Correio não encontrou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para comentar as declarações.
Fonte: Correio Braziliense
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