Para explicar os primeiros resultados do movimento é preciso constatar que algo mais está acontecendo. Vou chamar de movimento tectônico, como se fossem placas nas profundezas da sociedade, que se movimentam e produzem pequenos terremotos e vulcões, no caso manifestações quase espontâneas. É prova de que existe um descontentamento na alma profunda do povo que só se explica pelos anos e anos de desrespeito aos princípios republicanos de justiça e de democracia, pela corrupção e pela impunidade que permeiam a vida pública, agravado pela situação econômica que começa a mostrar que nem tudo é tão róseo quanto o governo propagandeia.
Tudo isso vem à tona. Parece fora de dúvida que após a euforia dos últimos anos começa a haver a percepção de que se vivia um momento de fantasia. É positivo o fato das pessoas verem que foram ludibriadas por uma propaganda enganosa que lhes prometia o paraíso terreno, pela eternidade, sob o argumento de que “nunca antes nesse país” se fizera algo de bom para o povo.
Como não se enfrentam grupos organizados, mas um sentimento difuso de indignação e revolta, é preciso que as ações policiais tenham o cuidado de buscar apenas aqueles que usam da violência em suas manifestações, sob pena de se atingir cidadãos inocentes que sequer participam dos atos ou são simples participantes entusiasmados com a perspectiva de modificar alguma situação que lhes causa descontentamento e repúdio.
E, o mais importante, é preciso dirigir esse potencial de vontade popular para atacar os verdadeiros problemas da Nação.
Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB, In Blog do Goldman
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