Manifestantes são agredidos no Rio
Assim como ocorreu em São Paulo, Polícia Militar carioca reprimiu com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha multidão que protestava no Maracanã
RIO - A Polícia Militar atacou com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo e balas de borracha as cerca de 3 mil pessoas que protestavam nas imediações do Maracanã, no Rio, antes e durante o jogo entre México e Itália. A manifestação, que era pacífica, transformou-se em um tumulto que afetou até mesmo torcedores. Os participantes do protesto foram contidos a 700 metros da entrada principal. Eles bradavam contra os gastos para a Copa do Mundo, a corrupção, a má administração pública e a má qualidade do transporte público, inspirados na onda de levantes iniciada em São Paulo.A névoa enfumaçada que se formou no entorno do Maracanã fez com que centenas de pessoas passassem mal, com crises de tosse, lágrimas nos olhos e dificuldades para respirar. Asmática, uma jovem manifestante teve que ser socorrida pelos colegas. Até policiais reclamavam dos efeitos dos explosivos.
Os manifestantes começaram a se concentrar às 14h na estação de metrô São Cristóvão, uma das três que dão acesso ao estádio. Pouco antes das 15h, tentaram subir o viaduto Oduvaldo Cozzi, que dá acesso ao portão da estátua do Bellini. Eles foram impedidos pela PM, que só permitia a passagem de pessoas com ingressos ou credenciais para o jogo. O grupo tentou seguir pela vizinha Rua General Canabarro, mas foi mais uma vez barrado. Às 15h20, o Batalhão de Choque da PM apareceu, com profissionais da Força Nacional de Segurança na retaguarda. Foi quando um policial borrifou spray de pimenta na nuca de um manifestante. Em seguida, os PMs do Choque começaram a lançar as bombas.
Manifestantes, jornalistas e torcedores correram, na tentativa de se proteger. A manifestação se dispersou momentaneamente. O torcedor Dejair Freitas, 28 anos, saiu da estação no momento em que os manifestantes foram atacados pela PM. "Uma das bombas quase me atingiu. Foi por muito pouco. Ela caiu ao meu lado, mas ainda assim veja como estou", disse, apontando para os olhos vermelhos e lacrimejantes.
Na sequência dos acontecimentos, cerca de 500 manifestantes reagruparam-se, sentando no asfalto, no acesso à Quinta da Boavista. Eles cantavam o Hino Nacional quando foram novamente atacados pela PM, que atiraram mais bombas.
Os policiais alegaram que precisavam desocupar a via pública, parcialmente interditada pelos manifestantes. Na confusão, a estação do metrô foi fechada. Os insurgentes foram acuados pela PM, que não deixou ninguém sair do local.
A PM contabilizou oito manifestantes detidos para averiguação de antecedentes. Eles foram levados para a 18ª Delegacia, na Praça da Bandeira. A polícia não revelou o saldo de feridos.
Fonte: Jornal do Commercio (PE)
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