segunda-feira, 17 de junho de 2013

Planalto minimiza vaia a Dilma; aliados fazem alerta

Episódio aconteceu menos de uma semana após Datafolha detectar queda de popularidade da presidente

BRASÍLIA - Interlocutores da presidente Dilma Rousseff e líderes da base aliada minimizaram ontem a sequência de vaias que a mandatária levou sábado na abertura da Copa das Confederações, no Estádio Nacional Mané Garrincha, na capital federal.

Apesar de o episódio ter ocorrido menos de uma semana após a pesquisa Datafolha apontar uma queda de oito pontos percentuais na popularidade da presidente, integrantes do Palácio do Planalto defendem que o episódio não representa a real percepção da população brasileira sobre ela. Eles ressaltam que a ampla maioria da população ainda avalia positivamente o governo federal.

- Não estamos dando a esse episódio o tamanho que os jornais estão dando. As pessoas que estavam ali não queriam ouvir discurso, teriam vaiado qualquer um. A popularidade dela (de Dilma) é a maior entre as de todos os presidentes da República. Ela saiu de uma situação excelente para uma ótima. Isso não nos preocupa - disse um interlocutor da presidente, que preferiu não se identificar.

Lula foi vaiado no Pan

Na base aliada, apesar da avaliação uníssona de que o episódio não reflete o "sentimento geral do país", o líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães (CE), considera que o protesto tem relação com as recentes manifestações contra o aumento das passagens de ônibus que tomaram as ruas de várias capitais brasileiras. Guimarães destacou que vaias a políticos em estádios são comuns, lembrando o episódio com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos Jogos Pan-Americanos de 2007, mas acredita que a repressão violenta aos protestos na última semana pode ter piorado a situação.

- Claro que a gente tem de estar sempre avaliando conjuntura, mas isso (as vaias) é um sentimento pontual, não é assunto para a gente criar qualquer movimento para responder - justificou o petista, que estava no estádio. - Nossa preocupação é botar o país para funcionar. Agora, o país vive neste momento um clima, um processo aguçado de convivência democrática, e isso está dentro dessa onda de mobilização que está havendo em relação às passagens e aos gastos da Copa das Confederações. Qualquer político que fosse anunciado ontem no estádio receberia vaias.

De acordo com o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), o cenário era especialmente delicado para a presidente, já que sua popularidade é maior entre as classes mais pobres, enquanto a capital federal apresenta a maior renda per capita do país. Para o peemedebista, o dever do governo agora é trabalhar para reduzir a inflação - considerada a principal responsável pela queda na avaliação nas pesquisas.

- Acho que tem um movimento acontecendo, sim, não resta dúvida. Agora, qual o tamanho e a extensão desse movimento, ainda não se sabe. O governo tem que governar. Não há o que fazer. É perceptível que estamos tendo um movimento de reação à inflação. O que o governo tem de fazer é trabalhar para combatê-la - defendeu Cunha.

Fonte: O Globo

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