Pressionada também pela voz das ruas e tentando se posicionar diante dos protestos, a Executiva Nacional do PMDB se reuniu ontem para fechar posição única sobre as respostas às manifestações. A principal proposta levada por integrantes do partido ao encontro foi a redução do número de ministérios na Esplanada, assim como a oposição vem sugerindo. Ao contrário dos adversários políticos, entretanto, o PMDB terá de cortar na própria carne para que a sugestão seja acatada e, ainda ontem, já colocou seus cargos à disposição por meio de nota divulgada pela bancada da Câmara. Postura que deixa o governo federal isolado e cria uma saia justa para a presidente Dilma Rousseff.
Sem se identificar, peemedebistas admitem querer jogar de volta para o Executivo a “batata quente” lançada ao Congresso tanto com os cinco pactos quanto com a proposta de plebiscito enviada ontem por Dilma. “Fim do voto secreto, mesmo que nós concordemos, é uma saia justa que ela criou para o Congresso”, afirmou um integrantes da Executiva do partido. Na avaliação de integrantes da legenda, foi a própria presidente quem criou essa animosidade por ter adotado, ao longo de todo o governo, postura de pouco diálogo.
O vice-presidente da República, Michel Temer, admitiu que a redução do ministeriado seria positiva. “É uma decisão exclusiva, segundo a Constituição, da presidente da República. Acho que se a presidente puder reduzir e achar que deve reduzir, não é inútil.” Ainda assim, o assunto não é consenso entre seus correligionários. Um graúdo peemedebista classificou a sugestão como “hipócrita”. O ministro da Aviação Civil, Moreira Franco, que acabou de assumir o cargo para atender os interesses da base no Congresso, não quis responder o que achava sobre o assunto.
Fim da reeleição
Outros temas espinhosos estavam na pauta do PMDB. Há divergências sobre a realização do plebiscito e o presidente em exercício da legenda, Valdir Raupp, defende o fim da reeleição. “Como todo partido grande, há divergências, mas a maioria seria favorável ao mandato de cinco anos sem reeleição. Eu mesmo sou favorável para prefeito, governador e presidente da República”, disse. Sobre plebiscito, ele disse não haver tempo hábil para aprovar para as eleições de 2014. Ele é a favor de já se realizar uma consulta até setembro, com o que o Congresso conseguir consolidar até lá.
Antes da reunião da Executiva, a bancada do partido na Câmara se reuniu e soltou nota criticando o plebiscito proposto por Dilma. “Não há tempo hábil de se votar nenhuma medida a não ser que seja consenso para 2014. E dificilmente uma proposta que dependa de Emenda Constitucional terá consenso”, afirmam na nota. Eles se posicionaram pela realização da consulta popular em 2014. A portas fechadas, até a aliança com o PT foi questionada. O encontro não havia terminado até o fechamento desta edição.
Fonte: Correio Braziliense
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