Por: Fábio Matos
Para presidente do PPS, proposta do plebiscito de Dilma é tentativa de desviar o foco e não responde à população
A proposta da presidente Dilma Rousseff de que seja realizado um plebiscito para que a população defina questões relativas à reforma política é uma tentativa do governo de desviar o foco das manifestações populares das últimas semanas. A avaliação é do presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), que também criticou o plano original de Dilma de convocar uma Constituinte exclusiva para tratar da reforma – ideia da qual a presidente abriu mão diante da repercussão negativa no meio jurídico.
A proposta de plebiscito sobre a reforma política foi enviada nesta terça-feira ao Congresso Nacional
“Em todas essas manifestações, não se viu um único cartaz que pedisse a reforma política”, lembrou Freire. “Ela [Dilma] tentou, antes de tudo, um golpe ao propor a Constituinte exclusiva. Seria um golpe na Constituição de 1988 e na democracia brasileira. Ainda bem que houve a rejeição da sociedade brasileira e o recuo, mas agora se criou o diversionismo do plebiscito”, concluiu o parlamentar.
Na avaliação do presidente do PPS, Dilma não encontrou uma resposta às verdadeiras reivindicações dos manifestantes, que pedem serviços públicos de qualidade e protestam contra a corrupção, a precariedade na educação e na saúde e os gastos públicos para a Copa do Mundo de 2014, ao mesmo tempo em que cobram o chamado “padrão Fifa” de qualidade para escolas e hospitais.
“Governos que não assumem a responsabilidade de responder às exigências da sociedade mobilizada correm sério risco. O mundo comprova que governo que não cumpre suas responsabilidades se desestabiliza”, destaca Freire, citando o exemplo do Egito, onde milhões de manifestantes estão nas ruas pedindo a renúncia do presidente Mohamed Mursi.
O presidente nacional do PPS também citou a queda vertiginosa de Dilma na pesquisa mais recente divulgada pelo Datafolha, despencando de 57% de avaliação boa ou ótima para apenas 30%, com a perda de 27 pontos percentuais em apenas três semanas. “A pesquisa mostrou uma das maiores quedas de uma presidente na história recente”, disse Freire.
Ainda em relação à proposta inicial de convocação de uma Constituinte exclusiva para a reforma política, o parlamentar lembrou que esse instrumento historicamente foi utilizado em momentos de ruptura com a ordem institucional vigente, como em 1946 (com o fim do Estado Novo) ou em 1988 (após o fim do regime militar), entre outros exemplos. Atualmente, não há nenhuma ruptura que justificasse essa convocação. “Constituinte não tem limites. Normalmente, é convocada quando há rupturas institucionais”, afirmou.
O deputado também citou o projeto do trem-bala, uma das principais bandeiras do governo federal e que pode custar até R$ 50 bilhões. “Esse montante poderia ser destinado para obras de expansão do metrô em algumas das principais capitais brasileiras, como Belo Horizonte, Salvador, Rio de Janeiro, Porto Alegre e até mesmo São Paulo, que já avançou muito nessa área nos últimos anos, mas ainda tem problemas.”
Fonte: Portal do PPS
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