Com um pouco de atraso faço esse comentário. Estive em Teresina ( linda e surpreendente cidade), exercendo minhas responsabilidades como membro da executiva nacional do PSDB e fiquei retido, dentro do avião, em Brasília, quase três horas, porque os pátios de Congonhas estavam congestionados devido ao nevoeiro no Rio de Janeiro, o que impediu que lá aportassem os voos previstos. A situação do nosso sistema aeroportuário é caótica.
Vinha me lembrando o quanto eu tentei dialogar com o governo federal, em 2007, e desde então insistentemente, quando vice governador e secretário de desenvolvimento do Estado, alertando para o caos em que estaríamos logo adiante se medidas urgentes não fossem tomadas. Estavam surdos. E dou com a leitura da visita da presidente à São Paulo para fazer o que já devia ter feito há tempo.
Que coragem tem esta senhora Dilma Rousseff. Nunca deu a mínima atenção às questões de mobilidade e agora posa de professora que dá lições a São Paulo e, como se tivesse uma palmatória para nos castigar, diz o que se sabe: apesar de existir aqui uma rede extensa, Metrô e CPTM, abrangendo a Grande São Paulo, e transportando mais de 7 milhões de pessoas por dia, ela ainda é insuficiente.
Só acordou depois das manifestações que derrubaram a sua popularidade à metade do que tinha. Até agora deu um dinheirinho à linha que liga São Paulo a São Bernardo (a pedido do prefeito Marinho), e liberou financiamentos via BNDES e CEF para outras linhas, que vamos ter de pagar com os devidos juros. E que cara de pau. Veio à São Paulo atender às demandas do Haddad e não responde às feitas pelo Alckmin para as linhas de metrô e CPTM.
São Paulo é o único lugar do mundo, das grandes cidades, em que o governo central sempre se lixou para as dificuldades de mobilidade. Aqui, não é a prefeitura que trata da totalidade do transporte de massas. Em um determinado momento, e acertadamente, o Estado assumiu o Metrô que era da prefeitura, e as linhas que eram federais - CBTU, um verdadeiro ferro velho - juntou à Fepasa e criou-se a CPTM. Nos últimos anos os volumes de investimentos vêm sendo cada vez maiores e se constituem, hoje, no maior investimento do Estado. São quatro linhas em construção, com dezenas de estações e a modernização do sistema da CPTM para transformá-lo em um metrô de superfície. A partir do ano próximo devem ser sete linhas, um dos maiores investimentos do mundo. Dinheiro do orçamento federal? Nada, só empréstimos.
Como já coloquei anteriormente, se poderia desejar um mínimo de honestidade intelectual da presidente. Esqueçam. Dela só pode sair isso mesmo. Não vai deixar saudades.
Alberto Goldman é vice-presidente nacional do PSDB, foi governador de S. Paulo
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