Ex-presidente admite que prévias são 'naturais', mas busca pacto de convivência entre pré-candidatos no PSDB
Antes de cumprir agenda em São Paulo, senador mineiro recomenda 'sangue frio' a seus aliados
Fábio Zambeli, Natuza Nery
SÃO PAULO e BRASÍLIA - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso atuará como "bombeiro" na disputa que começa a ganhar corpo pela candidatura do PSDB ao Palácio do Planalto em 2014.
Ele se reunirá hoje com Aécio Neves, em São Paulo, e pretende se encontrar com o ex-governador José Serra na próxima semana.
Embora reconheça que o senador mineiro dispõe de ampla maioria na estrutura partidária, FHC diz que não há clima para escolha "vertical", via direção executiva nacional, se houver mais de um postulante à vaga, o que pressupõe realização de prévias.
"Acho natural que, havendo mais de um candidato, o PSDB encontre uma alternativa para a escolha que não seja apenas a indicação pela Executiva", disse o ex-presidente à Folha ontem.
Após a eleição de 2012, quando Serra foi derrotado por Fernando Haddad (PT) na corrida pela prefeitura paulistana, FHC se aproximou de Aécio. Reservadamente, dizia que "chegara a vez" do mineiro, que já desejava entrar no páreo em 2010.
Instruiu, desde então, o senador a montar agenda de oposição descolada do universo político tradicional, buscando alianças e apoio em outros segmentos da sociedade civil, como a classe artística, os intelectuais refratários ao PT e o empresariado.
Ante a já expressa disposição de Serra em concorrer à Presidência e submeter-se ao escrutínio dos militantes e dirigentes tucanos, FHC agora atua para arrancar dos dois expoentes da sigla em franco combate um compromisso improvável: havendo prévia, quem perder terá de aceitar o resultado e apoiar o vitorioso.
"Não sei o que Serra fará, mas acredito que, dada sua história, ele tem compromissos com o partido, seja o candidato escolhido ou não."
O temor do ex-presidente é que o cisma tucano, tendo como epicentro os dois maiores colégios eleitorais do país, favoreça o governador Eduardo Campos (PSB-PE).
Em São Paulo, Campos busca acordo com o PSDB, de Geraldo Alckmin, a quem interessa palanque duplo na corrida pela reeleição ao Palácio dos Bandeirantes.
O mesmo ocorre em Minas, onde a coalizão PSDB-PSB pode lançar Márcio Lacerda, prefeito socialista de Belo Horizonte, ao governo estadual, deixando aecistas integrados aos planos de Campos.
Muita calma
Presidente da legenda, Aécio não quer dar a Serra pretexto para que este migre para o PPS e pediu a seus aliados "sangue frio" no embate verbal com o ex-governador paulista. O prazo para filiação partidária com vistas a 2014 expira no início de outubro.
Forte eleitoralmente em Minas, Estado que governou por dois mandatos consecutivos (2003-2010), mas ainda desconhecido em São Paulo, Aécio visita o interior paulista a partir de hoje em agenda típica de campanha eleitoral.
O senador se reunirá à noite com líderes políticos de Ribeirão Preto. Amanhã, participa da Festa do Peão de Barretos, o maior rodeio do Brasil. Em ambas as cidades, estará acompanhado por dirigentes do PSDB de São Paulo.
Fonte: Folha de S. Paulo
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