Autoridades inauguram, no Panteão da Pátria, exposição permanente sobre o primeiro presidente eleito após a ditadura
Étore Medeiros
O Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves recebeu políticos e autoridades, em uma rápida cerimônia na noite de ontem, para a abertura da exposição permanente sobre a trajetória do primeiro presidente eleito após a ditadura militar no Brasil. Em 1985, aos 75 anos, Tancredo já havia sido deputado, governador e primeiro-ministro, quando foi indicado para a Presidência da República pelo Colégio Eleitoral formado por parlamentares. Morreu um dia antes de tomar posse, em decorrência de uma diverticulite (inflamação no intestino), causando comoção generalizada no país. Como legado maior, ressaltaram os presentes no evento, Tancredo deixou aos brasileiros a sólida democracia, iniciada em 1985 e vigente até hoje.
Ao lado do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do senador Aécio Neves (PSDB-MG), neto de Tancredo, parlamentares e ministros viram, em primeira mão, o que o público poderá conferir gratuitamente a partir de hoje: fotos e vídeos que contam a história do político mineiro, além de documentos que vão desde a Certidão de Nascimento, em São João del-Rei (MG), até o diploma de presidente da República, que ele jamais chegou a receber. Ao lado de correligionários, como o ex-senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), e o senador Pedro Simon (PMDB-RS), Aécio percorreu a exposição, dando atenção especial ao diploma.
“Gostaria que ele tivesse a oportunidade de receber o diploma, pois se preparou a vida toda para aquele momento”, lamentou Aécio, complementando que “a história do presidente Tancredo Neves se confunde com a democracia, em todos os momentos, desde o apoio a Vargas, quando defendia a preservação da Constituição”. “Como o Brasil seria diferente se ele tivesse sido presidente”, resumiu Pedro Simon, emocionado.
“Espírito público”
Na exposição, uma grande linha do tempo mostra o passo a passo da trajetória de Tancredo, conhecido por ter sido um dos articuladores da saída dos militares do poder. “As pessoas não conhecem a história de quando o Brasil se uniu para se reencontrar com a democracia. Eu me animo em saber que as novas gerações estarão aqui, conhecendo que a política não é incompatível com o espírito público e com a ética. Esse espaço simboliza a importância não só dele, mas de todos aqueles que construíram o caminho para a democracia”, comemorou Aécio.
O governador Agnelo Queiroz elogiou a habilidade política de Tancredo, sempre aberto ao diálogo, assim como o protagonismo no fim da ditadura. “Um grande brasileiro, sobretudo na construção da democracia. A história de Tancredo significa muito para o país e para a democracia brasileira. As novas gerações precisam conhecer essa história, protagonizada por ele”, disse o governador. Agnelo também lembrou que, com a exposição, o Panteão faz justiça a Tancredo, pois o monumento foi construído em 1986, como uma homenagem póstuma a ele. “Aqui se preserva a imagem dos construtores da pátria. Hoje, abrimos uma exposição sobre uma figura notável, indispensável da democracia brasileira”, complementou o secretário de Cultura do Distrito Federal, Hamilton Pereira.
Entre o farto material, agora acessível aos visitantes, estão diversas capas do Correio Braziliense sobre momentos importantes da história de Tancredo e do Brasil. “Essas homenagens deveriam se repetir por inúmeras vezes”, ressaltou o diretor presidente do jornal, Álvaro Teixeira da Costa, classificando o homenageado como “o grande baluarte da redemocratização do país”. “A gente fala muito da importância da memória cívica e histórica, mas existe outra dimensão, muitas vezes esquecida: a afetiva”, lembrou Andreia Neves, neta de Tancredo e irmã de Aécio. Em poucas palavras, ela fez questão de demonstrar o “reconhecimento da família” pela homenagem.
"Eu me animo em saber que as novas gerações estarão aqui, conhecendo que a política não é incompatível com o espírito público e com a ética. Esse espaço simboliza a importância não só dele, mas de todos aqueles que construíram o caminho para a democracia”
Aécio Neves, senador por Minas Gerais e neto de Tancredo
Fonte: Correio Braziliense
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