Até o dia 4 de outubro, a Justiça Eleitoral (o TSE) terá tomado decisões significativas para a configuração desse tabuleiro: a principal delas relativa à Rede Sustentabilidade, deferindo ou não o pedido de registro da nova legenda da pré-candidata Marina Silva. E duas outras do gênero – o reconhecimento do Solidariedade (SDD), liderado pelo sindicalista Paulinho da Força, e do PROS (Partido Republicano da Ordem Social), os dois também com potencial de expressivo rearranjo do peso das bancadas parlamentares federais na partilha do tempo de propaganda eleitoral “gratuita”, bem como no uso de recursos do Fundo Partidário. Os três recebendo adesões de deputados (e até de um ou outro senador) de siglas existentes, entre elas o PSD, o PDT e o PPS. O Solidariedade emergindo como provável aliado da candidatura oposicionista de Aécio Neves, enquanto o PROS tem a criação estimulada pelo PT.
Até o dia 4, também, intensifica-se a presença na mídia da presidente e candidata Dilma Rousseff, por meio de pronunciamentos em rede obrigatória de rádio e televisão e de múltiplos eventos para anúncio de medidas e planos, usados na campanha para a reeleição e para a montagem de palanques em vários estados. Esse esforço duplo (administrativo e dos marqueteiros da reeleição) tem vários ingredientes (e objetivos) políticos e econômicos. Está sendo favorecido pelas denúncias de espionagem de agência norte-americana contra a presidente e, por último, envolvendo a Petrobras, repelidas com estridentes reações dela em defesa da soberania nacional, destinadas a sensibilizar a classe média. Está enfatizando as concessões à iniciativa privada na área de infraestrutura (com a troca dessa expressão por leilões, mais palatáveis aos petistas), como argumento para reduzir as restrições do empresariado ao intervencionismo estatal e à qualidade de gestão do conjunto da economia. E o debate em torno desses dois temas tem mais uma utilidade: distanciar a presidente da fase final do processo do mensalão.
No outro polo político, ao longo das próximas semanas o oposicionista Aécio Neves – por meio do protagonismo que terá em inserções curtas, a partir de ontem, e no programa partidário em rede nacional de rádio e TV no dia 19 – vai buscar superar a principal debilidade da sua candidatura: os baixos índices de conhecimento e apoio nas pesquisas. O fortalecimento do consenso dos tucanos em favor dele parece já ter superado a contestação tentada por José Serra (que, além de desistir disso, sinaliza que permanecerá no PSDB e se prepara para disputa da vaga paulista ao senado ou de mandato na Câmara dos Deputados). Um avanço nas pesquisas reforçaria as articulações suprapartidárias de Aécio.
Quanto à pré-candidatura de Eduardo Campos, poderá ser afetada por possível troca de partido pelos irmãos Ferreira Gomes, do Ceará, o que, porém, não ameaçará seu controle sobre o PSB e tampouco o desviará do preparo da campanha presidencial.
Restando, assim, como incerteza importante no tabuleiro da disputa maior de 2014 a confirmação até 4 de outubro da candidatura de Marina Silva. Que segue pontificando nas pesquisas como principal adversária da postulante à reeleição, e cuja presença na disputa é vista agora como garantia mais consistente de um 2º turno.
Jarbas de Holanda é jornalista
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