Quem levar parlamentares para nova legenda fica com o tempo de TV
Maria Lima, Paulo Celso Pereira e Sérgio Roxo
BRASÍLIA e SÃO PAULO - As negociações do deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (SP); para arregimentar parlamentares para a sua nova legenda, o Solidariedade, provocaram revolta nos partidos prejudicados. Pelo acordo, revelado ontem na coluna Panorama Político, de Ilimar Franco, os governadores transferem deputados para a sigla e ganham direito aos cerca de dois minutos no programa eleitoral que o Solidariedade terá direito na eleição do ano que vem.
O PDT, atual partido de Paulinho, deve ser o mais afetado e pode perder até nove dos seus 26 parlamentares, embora estime a saída de apenas cinco. O deputado André Figueiredo (CE), líder do PDT na Câmara, acusa o Solidariedade de ser uma legenda de "aluguel":
— Esse partido não tem ideologia nenhuma. É a efetivação da prostituição na política.
A criação do Solidariedade deve ter influência direta nas disputas estaduais. No Paraná, por exemplo, a legenda deve apoiar a candidatura à reeleição do governador Beto Richa (PSDB)- O que pretende lançar a ministra Gleisi Hoff-mann (Planejamento), sente-se prejudicado.
— O PT defendia o projeto que barrava o surgimento de novos partidos para impedir esse tipo de picaretagem e não para prejudicar o partido da Marina (Rede Sustentabilida-de) — afirmou o deputado federal André Vargas.
Richa foi procurado, por meio de sua assessoria, mas não comentou as negociações com Paulinho. Em Mato Grosso do Sul, o PT também deve ser afetado, já que o Solidariedade deve apoiar Nelson Trad Filho (PMDB), candidato do atual governador, André Puccinelli (PMDB). O governador também não falou sobre as negociações com o líder da nova legenda, mas o senador Waldemir Moka (PMDB-MS) revelou que Puccinelli tem conversado com Paulinho e que o Solidariedade deve se aliar ao candidato do PMDB. O Solidariedade também negocia tempo de TV com o PSDB.
Cid diz que fica no PSB
O governador do Ceará, Cid Gomes, bateu o martelo e definiu que não sairá do PSB, que cogita lançar o governador Eduardo Campos à Presidência da República. Apesar de ter a intenção de ficar em sua atual legenda, Cid admitiu ontem estar trabalhando para abrigar deputados cearenses no Solidariedade. O Solidariedade espera começar com 30 deputados, o que daria 2 minutos ao partido na TV.
— Procurei o Paulinho para ver se ele poderia receber esse pessoal. Ele tem interesse em formar uma bancada forte e eu vou procurar ajudá-lo. Eu não vou sair do PSB! Eu gosto do meu partido, gosto do Eduardo Campos, confio nele, mas ele nunca disse que é candidato. Eu torço e defendo que o PSB, em nome de nossos projetos regionais (dos governadores do PSB), renove a aliança com o arco progressista que apoia a reeleição da presidente Dilma. Franca e sinceramente, eu só tenho pensado no melhor para o meu partido — explicou Cid.
Procurado, Paulinho afirmou que só falará sobre o partido na quinta-feira, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) deve homologar o registro da legenda.
— Eu não estou sabendo, não — disse o deputado, ao ser perguntado sobre a negociações com os governadores.
A direção do PDT já estuda entrar com ações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a saída de deputados da legenda rumo ao Solidariedade. O presidente nacional do partido, Carlos Lupi, diz que há 30 dias tenta conversar com Paulinho, mas que ele vem fugindo do encontro.
Fonte: O Globo
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