Grupos como Anonymous e Brasil Contra a Corrupção, que se mobilizam para promover atos de rua amanhã, Dia da Independência, já conseguiram quase 400 mil confirmações de presença pelo Facebook em 172 cidades. Entre as reivindicações estão a prisão de mensaleiros, fim do voto obrigatório e a aprovação do Plano Nacional de Educação. Em Brasília, onde a PM estima a adesão de 50 mil pessoas, máscaras serão proibidas. Ontem, houve confronto em frente ao Congresso
Manifestações marcadas em 172 cidades no Sete de Setembro
No Distrito Federal, Polícia Militar diz que prenderá mascarados
BRASÍLIA e RIO. Depois da onda de protestos de julho e julho e em pleno julgamento dos recursos do mensalão, o Brasil chega amanhã ao Dia da Independência com protestos marcados em pelo menos 172 cidades. Batizado de Operação 7 de Setembro, os atos são apoiados por diversos grupos que se dizem ligados ao Anonymous e por organizações como o Brasil Contra a Corrupção.
Nas redes sociais, pelo menos 400 mil pessoas confirmaram presença nos atos. No site que agrega todas as cidades participantes, os organizadores, já estão que afirmam ser "suprapartidários" divulgam as seis pautas j principais da manifestação, escolhidas, segundo eles, numa votação que mobilizou 26 mil eleitores prisão imediata dos envolvidos no mensalão, fim do voto obrigatório, aprovação e cumprimento do Plano Nacional de Educação, redução de deputados e representantes, reforma tributária e aprovação e cumprimento da Lei de Combate à Corrupção.
Nos comentários e postagens de simpatizantes do movimento no Facebook, é possível perceber uma variada gama de posições ideológicas. Enquanto alguns defendem a tática dos black blocs, outros pedem uma "intervenção militar" no país.
A grande diversidade política dos manifestantes fez com que a organização do protesto fosse acusada, ao mesmo tempo, de atender a interesses políticos de esquerda e de direita.
Professor de Ciências Sociais da PUC-Rio, Luiz Werneck Viana, diz acreditar que a exclusão dos jovens dos processos de participação política causa essa dispersão de objetivos e o variado espectro político de reivindicações.
— São pautas complexas e sem foco. Pelo visto, os protestos continuam com a mesma postura das jornadas de junho. As décadas que a juventude ficou marginalizada na política estão cobrando seu preço agora. Os manifestantes lutam por temas anacrônicos e difusos. Tudo isso é sinal de exclusão deles da vida política — afirma.
No Rio, cerca de 18 mil pessoas confirmaram presença no Face-book no protesto, que está marcado para começar às 7h30m na Cinelândia.
No Distrito Federal, a Secretaria de Segurança Pública estima uma adesão de 50 mil manifestantes. Além do desfile do Dia da Independência, outra preocupação é com o amistoso entre Brasil e Austrália. O comando da PM do DF avisa que prenderá todos os mascarados. O mesmo ocorrerá em Pernambuco. No Rio, máscaras estão permitidas, mas a PM poderá pedir aos manifestantes que descubram o rosto e se identifiquem. Se o policial quiser, pode encaminhar suspeitos para a delegacia.
— Nós não queremos ver se repetir no DF o que nós temos visto em outras unidades da federação. Vamos agir com rigor para que aquelas pessoas que não querem se divertir sejam detidas. Qualquer um que sair da norma se transforma num contraventor e será preso. Mascarados vão ser detidos — alerta o comandante geral da Polícia Militar do DF, Jooziel de Melo Freire,
— Temos a informação de que, entre manifestantes de bem, pessoas vão se infiltrar para promover atos de vandalismo e violência. Há a informação de que há, inclusive, pessoas vindo de outros estados para cá — diz o secretário de segurança pública, Sandro Avelar.
Confronto com a PM no DF
Ontem, um grupo de cerca de dez manifestantes mascarados entrou em confronto com a Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), no canteiro central da Esplanada dos Ministérios, em frente ao Congresso. O grupo está acampado no local e reagiu ao ser abordado por policiais. Eles tiveram que tirar as máscaras e apresentar documento de identificação.
O confronto ocorreu no momento em que uma manifestante foi detida. Segundo a polícia, ela portava um estilingue e bolas de gude. Houve troca de socos e pontapés. Exaltado, o namorado dessa manifestante também foi detido. Os policiais usaram spray de pimenta, atingindo inclusive fotógrafos e cinegrafistas que registravam a cena.
Após as detenções, os policiais recuaram em direção ao Congresso e foram seguidos pelos manifestantes, que hostilizavam os policiais. Nesse momento, um policial foi visto com uma faca na mão. Antes, os manifestantes, que aparentemente são de fora do Distrito Federal, hostilizaram jornalistas.
Fonte: O Globo
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