Fim do voo de cruzeiro
A semana que passou, de importantes definições com efeito nas eleições presidenciais, abalou o voo de cruzeiro da campanha da presidente Dilma Rousseff, beneficiária dos conflitos internos nos partidos de seus principais adversários e da visibilidade e poder inerentes ao cargo que ocupa.
A trégua selada entre o senador Aécio Neves e o ex-governador José Serra, se apazigua o ambiente interno, abrindo espaço à construção de alianças regionais, em que se empenha o mineiro, de outro lado restabelece a dúvida sobre a candidatura, já que o próprio Aécio admitiu que o assunto ficará para 2014 e que seu rival paulista poderá vir a ser escolhido candidato. A essa altura, um retrocesso, quando se esperava já houvesse, bem ou mal, um candidato confirmado.
As dificuldades do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, nos principais colégios eleitorais que já o levavam a aderir ao recurso dos palanques duplos, sempre uma saída ruim pelo risco de ineficácia que embute, se reduzem agora com a companhia da ex-senadora Marina Silva. Com sua imagem já em rede nacional no horário nobre da propaganda política, o governador do PSB reduz o risco de ter sua candidatura confinada ao nordeste.
Quam capitalizou a adversidade, portanto, foi Marina Silva, cujo revés na justiça eleitoral lhe proporcionou uma visibilidade positiva, longa e intensa, a única a superar a da presidente da República, o que não é pouco. O anacronismo da legislação eleitoral, ainda que se considere o processo caótico de formação da Rede, ficou exposto e se encaixou no discurso de renovação política da ex-senadora, que saiu como vítima aos olhos da sociedade.
Sem contar a propaganda gratuita que lhe fizeram os concorrentes, empenhados em ficar bem na fita, hipotecando solidariedade, e as dezenas de ofertas de legendas para que mantivesse sua candidatura em 2014, o que decidiu fazer pelo PSB,mesmo como possível vice. A derrota no TSE foi uma vitória do marketing político.
Nesse momento, a fotografia favorece Dilma que àbase de medidas populistas, como o programa de importação de médicos, entre outras, vem contornando os efeitos dos protestos de junho, um problema ainda para os políticos.
A chapa ontem decidida, porém, é duro revés para a sua candidatura . Ela se soma ao risco de agravamento da economia, de que a dificuldade de investimentos é sinal O fiasco nas concessões em infraestrutura, põe em xeque a imagem de gestora que ajudou a elegê-la. Seu discurso de estímulo a investidores em Nova Iorque acusa esse temor, diante do risco de a Copa do Mundo dar mais nitidez à precariedade dos serviços públicos no setor.
Mais votos
É consenso entre os políticos que o governo ganhou a briga com as corporações médicas que resistiram à importação de profissionais, o que deve lhe render dividendos eleitorais principalmente no Norte e Nordeste.
Risco
Já na economia caem os ganhos com a redução da energia e com a queda da taxa de juros. A Selic jpa voltou a subir e a conta de luz está na fila.
Bahia
Na Bahia, o ex-deputado Geddel Vieira Lima (PMDB) pode romper a aliança governista e abrir palanque para Eduardo Campos.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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