Socialistas vão dar "abrigo" e não questionarão mandato na hora da saída, diz coordenador da Rede.
O PSB anunciou ontem a filiação da ex-senadora Marina Silva ao partido. O acordo prevê que ela a Eduardo Campos continuem pré-candidatos à Presidência, mas o coordenador executivo da Rede, Bazileu Margarido, disse que Marina se disporia a disputar as eleições como vice de Campos. O PSB seria um abrigo transitório para os militantes da Rede Sustentabilidade ate que o partido consiga seu registro no TSE. A reunião que selou o acordo foi realizada em Brasília e avançou até a madrugada de ontem. "Fica claro para a sociedade que eles formam juntos uma terceira via eleitoral", disse o presidente do PSB mineiro, deputado Júlio Delgado.
Marina vai para o PSB e deverá ser vice de Campos na disputa pela Presidência
Sucessão 2014. Decisão de ex-ministra do Meio Ambiente, que teve partido rejeitado pelo Tribunal Superior Eleitoral, é tomada a poucas horas do fim do prazo para filiação partidária; legenda de governador de Pernambuco será "abrido transitório" de marineiros
João Domingos, Eduardo Bresciani e Ricardo Della Coletta
BRASÍLIA - O PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, anunciou ontem a filiação da ex-senadora Marina Silva. O acordo prevê que ambos continuem a ser pré-candidatos à Presidência, mas a tendência é que Marina seja vice do novo aliado na disputa presidencial do ano que vem.
Juntos, serão a terceira via das eleições de 2014, tendo pela frente a presidente Dilma Rousseff, que tentará a reeleição, e o senador tucano Aécio Neves.
O encontro entre Campos e Marina para selar a aliança ocorreu em Brasília e avançou pela madrugada de sábado. O governador, que preside nacionalmente o PSB, já tinha mandado emissários para avisar a ex-ministra do Meio Ambiente da disposição de buscar um acordo.
Na quinta-feira, Marina teve sua Rede rejeitada pelo Tribunal Superior Eleitoral - ela não conseguiu o número mínimo de assinaturas para criar a sigla. A ex-ministra teve de correr para arrumar um partido - o prazo de filiação para quem quer concorrer a cargo eletivo no ano que vem terminou ontem.
Segundo quem acompanhou a negociação, pessoas da classe artística contribuíram para o entendimento. Um dos que se envolveu foi o cineasta e diretor de televisão Guel Arraes, tio de Campos e filho de Miguel Arraes, fundador do PSB, já falecido. O senador Pedro Simon (PMDB-RS), próximo de Marina, foi outro que ajudou.
Os termos acordados pre-veem um "abrigo transitório" no PSB para as pessoas envolvidas no processo de criação da Rede. Desta forma, a aliança seria tratada como se fosse com outro partido. "Vamos tratar como uma coligação e respeitar a pré-candidatura dela", disse ontem o presidente do PSB mineiro, deputado Júlio Delgado. "Fica claro para a sociedade que Eduardo Gampos e Marina Silva formam juntos uma terceira via no processo eleitoral."
Formalmente, Marina e Campos continuarão dizendo que são pré-candidatos, mas o plano da chapa já é admitido. "Ela se disporia a service do Eduardo Campos, porque reconhece a candidatura dele, mas essa discussão será no momento futuro e não há ansiedade nisso", disse Bazileu Margarido, coordenador executivo da Rede.
Bazileu afirma que apesar dos convites de vários partidos, a escolha pelo PSB deveu-se a uma "maior identidade programática e nos Estados" com a Rede. "Foram definidas algumas questões importantes, o reconhecimento da Rede como um partido de fato, em função do reconhecimento o PSB estará abrindo a possibilidade de filiações democráticas e transitórias para os integrantes da Rede que quiserem se candidatar."
Dirigentes do PSB observam que alguns ajustes regionais terão de ser feitos para abrigar todos os integrantes da Rede, mas descrevem como "problema menor" ter de solucionar as pendências, diante do ganho da legenda em ter Marina nos seus quadros.
Na entrevista concedida na sexta-feira, Marina já tinha afirmado ser um de seus objetivos evitar uma polarização entre quem é "situação por situação e oposição por oposição".
Tido como uma das opções para abrigar Marina, o PPS é agora procurado para apoiar a aliança. A ex-senadora reuniu-se com dirigentes da legenda no início da manhã de ontem. O presidente do PPS, Roberto Freire (SP), porém, não gostou da atitude de Marina e afirmou a ela que a união de Campos seria um "desastre". Marina, porém, argumentou na conversa que sua atitude dá uma resposta ao Palácio do Planalto para a acusação de que desejava ser candidata a qualquer custo.
Colaborou Andreza Matais
Fonte: O Estado de S. Paulo
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