Pelo menos dez ministros devem sair para disputar eleição, e Dilma busca alternativas
Luíza Damé
BRASÍLIA - Enquanto partidos aliados ainda discutem o apoio à reeleição de Dilma Rousseff e, por consequência, deixam de garantir novos espaços na Esplanada dos Ministérios, a presidente está redefinindo a participação do seu partido, o PT, e do principal aliado, o PMDB, no primeiro escalão do governo. Para a reta final de seu mandato, a presidente, segundo as discussões em curso, quer manter petistas à frente de postos-chave e tentar ampliar a fatia do PMDB na Esplanada.
Ex-ministro e ex-presidente do PT, o deputado Ricardo Berzoini (SP) é forte candidato a voltar ao governo, com a promessa de ganhar “um mandato permanente” na equipe do eventual segundo mandato, já que terá que desistir de disputar a reeleição ano que vem. O mesmo compromisso, apostam os políticos, Dilma fez com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB), para que ele continue à frente da Copa do Mundo, abandonando sua intenção de disputar um novo mandato de deputado federal.
Outros cargos também terão negociações envolvendo o eventual segundo mandato. Berzoini é cotado para o Ministério das Comunicações, ocupado pelo também petista Paulo Bernardo, que seria promovido para uma pasta de maior importância.
Mistura entre políticos e técnicos
O Ministério da Previdência também chegou a ser cotado para Berzoini, que já foi titular da pasta, mas essa mexida desalojaria o peemedebista Garibaldi Alves Filho, criando mais problemas para a já difícil relação de Duma com o PMDB. Garibaldi não vai disputar eleição, e deve permanecer no cargo. Já Berzoini tem demonstrado pouca disposição de enfrentar uma nova eleição para deputado. A tendência hoje é que a presidente, na mexida para substituir os ministros-candidatos, mescle escolhas políticas com técnicas.
Alguns ministérios ficariam sob o comando dos secretários-executivos, mas postos-chave iriam para políticos aliados, especialmente petistas. A Casa Civil e a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) devem ganhar novos ministros petistas com grandes chances de permanência no eventual segundo mandato de Dilma. A ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, vai disputar o governo do Paraná, e Ideli Salvatti (SRI) deve concorrer ao Senado por Santa Catarina.
A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, e o secretário-executivo da Previdência, Carlos Gabas, são cotados para a Casa Civil. — Conversa formal da presidente com os partidos aliados (sobre reforma ministerial) ainda não houve. Mas está correndo uma discussão política. A ideia é consolidar os apoios para a reeleição da presidente, atendendo os partidos que ficarão com ela — disse um líder que tem participado desses debates internos.
No PMDB, é dada como certa a nomeação do senador Vital do Rêgo (PB) para a Integração Nacional, pasta que já foi ocupada pelo partido, mas que estava com o PSB até o mês passado, quando a legenda rompeu com o governo Dilma para lançar a pré-candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a presidente.
— Vital está no meio do mandato e tem apoio nas duas Casas — afirmou um peemedebista. Mas o partido do vice-presidente Michel Temer não é o único interessado na Integração Nacional, ministério com forte atuação no Nordeste. O PP sonha com a pasta e já tem até candidato: o senador Ciro Nogueira (PL), presidente nacional do partido.
O PP negocia a formação de um bloco com o recém-criado PROS (Partido Republicano da Ordem Social). Na Câmara, os dois partidos ficariam com uma bancada de 62 deputados (41 do PP e 21 do PROS) e usariam essa força para pressionar por mais espaço no governo. Atualmente, o PP comanda o Ministério das Cidades, ocupado pelo deputado Aguinaldo Ribeiro, que deve concorrer em 2014.
Com mais de 60 deputados, acredita que pode ter mais. Embora o PP não tenha garantido apoio formal à reeleição de Dilma, seus dirigentes já negociam com o PROS, oferecendo órgãos ligados à Integração Nacional.
Doze ministérios para negociar
Mas a condição do Planalto para manter e ampliar o espaço do PP é o apoio formal à candidatura de Dilma. Na eleição de 2010, o PP ficou independente, situação que pode se repetir ano que vem, já que setores do partido apoiam Eduardo Campos; outros são favoráveis ao tucano Aécio Neves e outros querem continuar com Dilma.
Além de Gleisi, Ideli e Aguinaldo, devem deixar o governo em dezembro os ministros Fernando Pimentel (Desenvolvimento), Alexandre Padilha (Saúde), Maria do Rosário (Direitos Humanos), Pepe Vargas (Desenvolvimento Agrário), Antônio Andrade (Agricultura), Gastão Vieira (Turismo) e Marcelo Crivella (Pesca). O peemedebista Antonio Andrade não descarta a possibilidade de continuar.
Além desses dez ministérios, a presidente tem livres Integração Nacional e Portos — que eram do PSB — e a Secretaria de Assuntos Estratégicos. São 13 postos de ministros para distribuir entre os partidos.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário