Tucano havia rejeitado a ideia de os tucanos oferecerem palanque duplo para Campos nos estados
Precisamos, nesse momento, ter todo o cuidado para não fazer um debate, que é tão importante, só em torno de nomes”, disse Campos
Letícia Lins
RECIFE - O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), botou panos quentes na polêmica criada na véspera pelo senador Aécio Neves (PSDB), ao estabelecer que os palanques duplos entre as duas legendas não terão valor na campanha presidencial. Campos afirmou que “ainda é muito cedo” para esse tipo de iniciativa, e que a sucessão presidencial deve ser discutida, agora, em em torno de programas e não de nomes.
- Acho que a gente não deve criar esse ambiente, de forma nenhuma. Hoje mesmo, eu liguei para Aécio, e disse a ele que temos que seguir dialogando, que é legítima a caminhada do PSDB, como é a do PT e a nossa junto com a Rede. Não vamos transformar esse debate em um ringue, pelo contrário. Não teremos uma posição contra quem quer que seja, nem contra o senador Aécio Neves nem contra a presidente Dilma. Nossa posição é construir um pensamento que represente a possibilidade de melhorar a política, pois melhorando a política, melhora o Brasil - disse Campos.
O governador anunciou que, no fim do mês, já espera lançar o primeiro documento para servir de referência da aliança entre Rede e PSB. Os acertos sobre o próximo encontro já haviam sido feitos em Recife, na última segunda-feira, em reunião de mais de três horas com a ex-senadora Marina Silva, líder da Rede.
Sobre a decisão de Aécio Neves, com o partido do qual o PSB desfrutava de vários arranjos locais, inclusive em São Paulo e em Minas Gerais, Campos afirmou ser cedo para tocar nesse assunto:
- Estou muito tranquilo e não vamos fazer debate eleitoral agora. Nosso debate, no momento, é programático, é para buscar o conteúdo da aliança que fizemos com a Rede Sustentabilidade, receber contribuições da sociedade, de nossa militância e dos quatro cantos do país. Eu tenho com o senador (Aécio) uma relação de muito respeito que todo o Brasil conhece. Desde 1984, não estamos na mesma posição política no quadro nacional, mas já estivemos juntos em defesa de muitas questões para o país. Fomos deputados federais na mesma época, e nós o apoiamos para a presidência da Câmara, construímos juntos um ponto programático que falava na participação da sociedade — disse Campos.
Ele não quis comentar a colocação do líder do seu partido na Câmara, Beto Albuquerque (RS), para quem a iniciativa do tucano é “discurso de perdedor”. Mas lembrou:
- É legítima a nossa caminhada, a do PSDB, a do PT, a do povo. A nossa vamos construir com a Rede um pensamento, para oferecer ao país. Precisamos, nesse momento, ter todo o cuidado para não fazer um debate, que é tão importante, só em torno de nomes. Vou agir dessa maneira e não é de hoje, sempre foi assim. Vou continuar fazendo assim, e pedir aos meus companheiros que façam dessa maneira —disse Campos.
Ele negou notícias veiculadas segundo as quais iria antecipar a desincompatibilização do governo de Pernambuco já para janeiro. E disse que a reunião do final do mês, na verdade, já é resultante de uma série de outros encontros entre lideranças do PSB e militantes da Rede.
O encontro foi definido como a primeira tentativa de “afinar o discurso” pelo líder do PSB na Câmara, Beto Albuquerque. Ontem, o governador ratificou a informação, e disse que vai aproveitar o feriado do próximo dia 28 - dedicado ao servidor público - para viajar até São Paulo, a fim de reunir-se com a Rede.
O governador afirmou que a agenda de entrevistas, participação em programas de emissoras de rádio e de TV serão mantidas, mas sem prejuízo das viagens que a dupla pretende fazer depois do dia 28 pelo país.
- Todo mundo está muito entusiasmado, feliz com a aliança. À medida que a sociedade vai tomando conhecimento dessa nova realidade política, vai se empolgando também. Até o momento, só podemos dizer que estamos muito felizes com o seu resultado - afirmou Campos, pouco antes de viajar para a cidade de Ipojuca, onde fecharia um encontro de procuradores de Pernambuco.
O governador falou rapidamente com a imprensa no Centro de Convenções, sede provisória do governo, onde assinou um convênio repassando recursos para o polo de confecções da região agreste, onde mais de 100 mil pessoas vivem da fabricação de roupas populares.
Fonte: O Globo
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