quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Geração de empregos é a pior desde 2004

Saldo de 2013, com 1,1 milhão de vagas, foi o pior em 10 anos. Em Minas, o ano terminou com demissões no campo

Paulo Henrique Lobato

A geração de empregos desacelerou no país. Em 2013, o saldo de vagas líquidas somou 1,1 milhão de carteiras assinadas, abaixo da meta estipulada pelo Palácio do Planalto, que era de 1,4 milhão de postos de trabalho. O resultado, que ficou 14,8% inferior ao de 2012, é o pior desde 2004. Em Minas Gerais, o total de pessoas contratadas no ano passado foi de 88,4 mil homens e mulheres. O indicador é 39,1% inferior ao balanço de 2012 e o menor desde 2003 (veja quadro). Os dados fazem parte do Cadastro Geral de Empregos (Caged) e foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).

"Tivemos um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) que não foi alto. Não pode a geração de emprego contrariar a realidade", afirmou o ministro do Trabalho, Manoel Dias. Apenas para complementar a informação do ministro, o governo ainda não calculou o PIB para todo o acumulado de 2013. O último indicador, referente ao confronto entre janeiro e setembro de 2013 e igual período do exercício anterior, apontou alta de 2,4%.

O MTE divide os cadastros de empregos em oito setores. Em Minas, o único que apresentou queda foi o da agropecuária, com 5,8 mil postos fechados em 2013. O exercício passado foi difícil para os produtores de café, a principal commodity do estado. Para ter ideia, o preço médio da saca de 60 quilos despencou 30,8% de 2012 para 2013, de R$ 428 para R$ 296. Os demais grupos apontaram altas, com destaques para o setor de serviços, que respondeu por 43.532 contratações, e de comércio, com 31.289 vagas geradas.

Os dois setores também foram os que mais geraram empregos no Brasil: o de serviços gerou 546,9 mil postos; o de comércio, 301 mil. A jovem Nara Barbosa Machado, de 27 anos, foi uma das contratadas no fim do ano passado. Trabalhando agora para o Salão Versátil, no Bairro Funcionários, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, ela recebe cerca de R$ 2 mil como cabeleireira.

Para ela, o ramo de salão de beleza vai de vento em popa. Tanto que deixou o antigo serviço para receber R$ 500 mensais a mais na nova empresa. "Não é difícil conseguir emprego nesse setor, já que o movimento nunca cai. Se a pessoa tiver disposição, até os proprietários do salão investem na nossa formação", afirma, enfatizando a quem tiver interesse em atuar no ramo que o serviço exige muita dedicação. "É um bom salário e trabalhamos muito. A expectativa agora é conquistar a clientela novo".

Já a jovem Jéssica Marques Araújo foi contratada para atuar no comércio. Ela trancou a faculdade de direito para se dedicar ao emprego de carteira assinada, com salário de R$ 1,4 mil, além de comissão de 4% sobre as vendas. Ela conseguiu a colocação de vendedora há três meses, na Loja Redley, no BH Shopping, e não pensa em mudar de emprego. Especialmente agora, que foi promovida a subgerente.

Jéssica afirma que a rotatividade no setor é grande, mas, mesmo assim, é difícil conseguir uma vaga se a pessoa não for boa de serviço e não tiver indicação de empregos anteriores. "Fiquei procurando emprego por três meses até conseguir nesta loja. Antes, eu fazia estágio e agora tenho segurança de ter carteira assinada e meus direitos garantidos", explica.

Dezembro Levando-se em conta apenas o último mês do ano passado, o Caged constatou o fechamento de 50,7 mil postos de trabalho no estado. Os setores que mais responderam pela queda foram indústria de transformação (18,9 mil) e construção civil (14,3 mil), serviços (11,6 mil) e agropecuária (8,1 mil). No Brasil, o recuo foi de 449,4 mil vagas. Na Grande Belo Horizonte, 11,1 mil vagas foram fechadas no último mês do ano – as admissões somaram 34.135 e as demissões, 45.240.

O saldo líquido negativo em dezembro é considerado sazonal pelos especialistas, pois é um período, em teoria, com chuvas, o que prejudica setores específicos, como a construção civil. Além disso, é época de férias escolares, o que também interfere em segmentos como o de serviços. No caso do Brasil, o saldo negativo em dezembro passado foi menor do que o do mesmo mês de 2012, quando mais de 500 mil postos foram fechados. A Grande BH apurou acréscimo de 6,5 mil vagas ao longo de 2013. (Com Francelle Marzano)

Fonte: Estado de Minas

Nenhum comentário: