José Sérgio Gabrielli defendeu a operação, em entrevista ao 'Jornal Nacional', e disse que cláusula que obrigou estatal a adquirir o restante participação da belga Astra na unidade é comum no mercado
Para ele, valor da companhia não foi afetado pelo prejuízo na negociação
O Globo
RIO - Em entrevista ao Jornal Nacional, na noite desta quinta-feira, o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli, justificou o investimento da Petrobras na refinaria de Pasadena, nos EUA, negou que os valores pagos à holandesa Astra significassem prejuízos de quase US$ 1,2 bilhão para a estatal e que o uso da cláusula de put option Gabrielli – que permite o direito de um sócio comprar a parte do outro em caso de desacordo – é algo comum no mercado e não foi uma exclusividade da operação.
Na íntegra da entrevista, disponibilizada na internet, Gabrielli, disse que a Petrobras buscava oportunidades de investimento em refino em território americano desde 1999, uma vez que o mercado brasileiro não mostrava sinais de crescimento à época. Gabrielli garantiu que o valor pago, inicialmente, de US$ 360 milhões por 50% das ações da refinaria, foi uma boa oportunidade.
Segundo ele, desse valor, US$ 190 milhões correspondiam aos 50% de participação e os US$ 170 milhões restantes, a estoques na refinaria que seriam processados no futuro. O ex-presidente disse ainda que — A cláusula de put option é uma prática corriqueira em todas as aquisições no mercado e é realizada frequentemente por bancos de investimento. A compra da refinaria deve ser vista pelo cenário de 2005 e 2006, quando o mercado nos EUA era favorável as aquisições.
Segundo ele, com a eclosão da crise global, em 2007 e 2008, o mercado brasileiro dava sinais de reversão, as taxas de juros internacionais ficaram em patamares extremamente elevados e houve uma mudança no mercado de fornecimento de petróleo leve, fatores que, segundo ele, não podiam ser previstos em 2005.
— O negócio provocou impacto no caixa da Petrobras, mas não a ponto de afetar o valor que a Petrobras tem.
Além disso, ele lembrou que, fora as paradas necessárias para manutenção de segurança, a refinaria em Pasadena sempre esteve operacional, continua lucrativa e faz parte do patrimônio da empresa.
— Desde o início, houve uma série de diferenças de gestão (com os sócios da Astra). Em primeiro lugar, pela própria visão divergente entre as empresas, uma vez que a Astra tem um enfoque de comercializadora, ao contrário da Petrobras — admitiu ele.
Também houve divergências quanto ao planejamento de ações de segurança e meio ambiente e garantia na divisão de novos investimentos. Gabrielli lembrou que em 2007 e 2008, por não chegar a consenso sobre essas diferenças, a Petrobras iniciou um processo de arbitragem, período no qual nada foi pago pela refinaria.
Por diversas vezes, no entanto, Gabrielli se recusou a responder a perguntas. Quando indagado sobre se os conselheiros e o Conselho de Administração tiveram acesso a todos os detalhes do contrato, sobre se houve algum integrante que se opôs ao fechamento do negócio, sobre quem teria indicado Néstor Cerveró para a Diretoria Internacional e os motivos que o levaram, após deixar a empresa, a ocupar cargo importante na BR Distribuidora, Gabrielli foi enfático nas respostas:
— Não vou comentar decisões internas da Petrobras.
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