Dirigentes e funcionários da estatal ameaçam se colocar contra presidente abertamente
Danilo Fariello – O Globo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff despertou a ira de funcionários e dirigentes da Petrobras com a nota que divulgou na terça-feira, indicando que houve “documentação falha” e “informações incompletas” na tomada de decisão sobre a aquisição da refinaria de Pasadena, nos EUA.
Depois de avaliar que Dilma colocou em xeque o sistema de avaliação de negócios e de governança corporativa da companhia, profissionais da estatal ameaçam se colocar contra a presidente abertamente. O episódio acentuou as críticas do setor energético em relação a políticas adotadas pela presidente.
— A presidente está em uma saia justíssima, porque colocou a empresa contra ela — disse um ex-dirigente da companhia sob condição de anonimato.
Segundo essas avaliações, a declaração da presidente colocou na berlinda não só a gestão de José Sergio Gabrielli na companhia, como a das atual presidente, Maria das Graças Foster, que foi ao Senado no ano passado defender o negócio.
A divulgação de que a tomada de decisão teria sido baseada em uma informação incompleta, sem revelar quando essa descoberta teria ocorrido, coloca em dúvida o conhecimento dos presidentes sobre as operações da Petrobras ou até mesmo sua transparência perante o Congresso, avaliou uma fonte.
Segundo essa fonte, qualquer decisão de milhões de reais tomada pela Petrobras passa pelos crivos jurídico, técnico-financeiro e de auditoria.
— Há, além do resumo, apresentações de cada lado nas reuniões de conselho, sendo que o conselheiro pode tirar o processo de pauta ou pedir vista, se não entender — disse uma pessoa que já participou de reuniões desse tipo na Petrobras.
Após o questionamento feito pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, a Graça Foster entregou a Dilma uma sugestão de resposta, em linha com aquilo que ela e o ex-presidente Gabrielli vinham defendendo no Congresso. Dilma rasgou a carta e escreveu outra, onde indicou que as informações eram falhas.
Segundo um político com acesso ao Planalto, com a resposta apresentada, a presidente conseguiu tornar um assunto praticamente sepultado em uma nova crise política, dando mais munição para a oposição. O setor energético também não esquece que a presidente chegou a afirmar em fevereiro – erroneamente, segundo seus próprios assessores técnicos – que o sistema elétrico foi planejado para ser à prova de raios, depois de mais um apagão de grandes proporções.
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