Para o ministro, afirmação próxima às eleições é tentativa de ‘justificar aquilo que é de difícil justificação’
Carolina Brígido – O Globo
BRASÍLIA - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a criticar nesta terça-feira o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – que deu entrevista a uma TV portuguesa dizendo que o julgamento do mensalão foi mais político que jurídico. Para Gilmar, Lula adotou o discurso neste momento por atender a interesses eleitorais.
— Nós estamos numa fase eleitoral e as pessoas precisam encontrar algum discurso para justificar aquilo que é de difícil justificação — declarou o ministro.
Ainda segundo Gilmar, se o mensalão tivesse dado certo, o Brasil estaria em situação pior que a Venezuela. O ministro ressaltou que as condenações no processo foram essenciais para fortalecer a democracia brasileira.
— Talvez o que a gente tenha que se perguntar é o que seria do Brasil se o mensalão tivesse dado certo. Talvez nós já estivéssemos para lá da Venezuela. Felizmente, o mensalão deu errado, e felizmente nós logramos punir o mensalão. Acho que isso é um bom resultado, que fortalece a democracia brasileira. Já se disse que nem Deus pode mudar o passado. Mas parece que o presidente acredita que pode fazê-lo — ironizou.
O ministro voltou a defender a idoneidade do STF ao longo do julgamento.
— Os senhores acompanharam privilegiadamente todo o desenvolvimento do processo, desde o recebimento da denúncia. A condenação de determinados políticos teve manifestação unânime de todos os componentes do tribunal e, portanto, acredito que há um quadro de insuspeição com relação a isso — disse.
Ontem, Gilmar disse em entrevista à rádio “Jovem Pan” que o tribunal é idôneo. Com ironia, lembrou que a maior parte dos integrantes foi nomeada por Lula e Dilma Rousseff. Marco Aurélio Mello, também do STF, chamou a visão de Lula de “leiga partidária”. E o presidente da Corte, Joaquim Barbosa, que é relator do mensalão, disse que o ex-presidente tem dificuldade para compreender o papel de um Judiciário independente em uma democracia.
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