- Folha de S. Paulo / EBC
Viável ou não, há alguns parâmetros operacionais para o movimento "volta, Lula", que prega o retorno do ex-presidente como candidato ao Planalto em substituição a Dilma Rousseff.
Do ponto de vista estritamente legal, Lula e Dilma têm até 20 dias antes da data da eleição para promover a troca. Primeiro, a presidente é proclamada candidata na convenção partidária do PT, que deve ocorrer no período de 10 a 30 de junho (como manda a lei).
O próximo passo seria uma renúncia de Dilma à candidatura. Depois, a nomeação de Lula. Como a eleição deste ano cai no dia 5 de outubro (é sempre no primeiro domingo desse mês), a troca teria de ser processada até 15 de setembro, uma terça-feira.
Restrições legais à parte, há um cardápio variado sobre como e quando deveria ser processada tal operação. Os mais desesperados com a perda do poder acham conveniente fazer tudo agora. Lula já seria escolhido candidato em junho na convenção partidária do PT.
Mas há também quem defenda deixar para a última hora. Circula até uma metáfora no mercado da política. Seria como o time que vai disputar um jogo na altitude de La Paz, na Bolívia, e só desembarca na cidade no dia e quase na hora da partida para que os atletas não sintam o impacto do ar rarefeito. Às vezes essa estratégia não funciona no futebol. Nada garante seu êxito na política.
Como Dilma se encontra desidratada e isolada no PT, a decisão cabe exclusivamente a Lula. O ex-presidente terá de calcular se num terceiro mandato seria tão bem-sucedido como nos anteriores, com mais de 80% de aprovação popular. Ou ele estaria fazendo o papel de Michael Schumacher, o ex-corredor de Fórmula 1? A alegoria lulista, já usada para alguns interlocutores, é que ele não deseja retornar ao Planalto e repetir o piloto alemão que na volta às pistas nunca conseguiu ter um bom desempenho. O risco não é pequeno.
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