Para confirmar presença em embates na TV, Aécio pede que cadeira da presidente seja mantida vazia caso ela não vá
Equipe de petista quer evitar confrontos com rivais e gostaria de incluir candidata apenas em dois debates
Natuza Nery – Folha de S. Paulo EBC
BRASÍLIA - A oposição adotou uma estratégia para tentar constranger Dilma Rousseff toda vez que ela se recursar a ir a um debate televisivo entre os candidatos presidenciais: pressionar para que emissora deixe, e mostre, a cadeira vazia reservada para a petista.
Segundo a Folha apurou, nos convites que recebe, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) vincula essa exigência à confirmação de sua participação no evento. Os candidatos já foram convidados para 11 confrontos públicos, entre os quais um a ser realizado pela Folha, associada ao SBT e ao UOL. Ao discutir as regras do debate com a Folha, contudo, Aécio não fez essa exigência —de que a cadeira de Dilma fosse mostrada vazia.
Candidato à vaga de Dilma no Planalto, Aécio está em segundo lugar nas pesquisas e afirmou a pessoas com quem conversou recentemente que negociará com o ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE), que também deve disputar a Presidência, uma ação conjunta com esse propósito.
A tática parte da avaliação segundo a qual um candidato ausente a debates passa a imagem de arrogante e perde votos com isso.
Nos bastidores, integrantes da pré-campanha de Dilma afirmam que a candidata será seletiva. O partido trabalha para que a presidente vá ao menor número possível de “ringues televisivos’.
Como os petistas consideram impossível recusar a todos os convites, tentam aglutinar emissoras e demais veículos de comunicação para transmitir, em forma de “pool”, um número reduzido de debates.
No outro campo, a oposição se agarra às oportunidades de poder falar para uma grande audiência.
Isso porque o tempo de propaganda na TV —principal instrumento das campanhas políticas— projetado para Dilma representa cerca do dobro da soma de seus dois principais adversários.
A distribuição oficial do tempo no chamado “palanque eletrônico” será anunciada a partir de julho pela Justiça Eleitoral.
Como a petista tende a levar ampla vantagem nas aparições do horário eleitoral gratuito e já é bastante conhecida, a pré-campanha pela reeleição tentará diminuir as situações de confronto direto com PSDB e PSB.
Em 2006, no fim do primeiro turno, o ex-presidente Lula cancelou uma hora antes sua participação no debate da TV Globo e responsabilizou a virulência dos adversários da época pela decisão.
A ausência motivou uma reclamação do apresentador William Bonner em rede nacional, que lamentou a falta do candidato.
O lugar reservado ao ex-presidente não foi retirado do cenário. Mais: sempre que havia oportunidade, as câmeras mostravam a cadeira vazia e uma plaquinha com o nome de Lula.
A eleição daquele ano acabou indo para o segundo turno, entre Lula e Geraldo Alckmin (PSDB).
Até mesmo petistas da pré-campanha reconheceram à época que o “WO” no debate contribuiu para que a eleição não se encenasse logo no primeiro turno.
A equipe que assessora Dilma gostaria que ela fosse, no máximo, ao primeiro debate, o da TV Band, e ao último, da TV Globo.
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