Ex-ministro disse que se o PSDB insistir em falar de uma suposta ligação dele com Youssef ‘vai perder também a eleição em São Paulo’
Leonardo Guandeline - O Globo
SÃO PAULO - O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT), pré-candidato ao governo paulista, disse que seus advogados interpelarão judicialmente nesta terça-feira, em Brasília, o deputado André Vargas, (sem partido-PR), para dar explicações sobre as declarações que constam em relatório da Polícia Federal (PF) na Operação Lava-Jato. Em uma conversa gravada com autorização judicial entre Vargas e o doleiro Alberto Youssef, em novembro passado, o deputado menciona que o ex-ministro teria indicado para a diretoria do laboratório Labogen, empresa de fachada que tem o doleiro entre seus sócios, o executivo Marcus Cezar Ferreira de Moura, ex-assessor do Ministério da Saúde.
– A única citação que é feita a mim (no relatório da PF) é por conversa de terceiros, alheios ao Ministério da Saúde. Fiz questão, inclusive, de interpelar formalmente a própria Polícia Federal para ter acesso ao relatório completo. E também meu advogado já foi para o Paraná hoje e amanhã chega a Brasília fazendo uma interpelação direta ao deputado André Vargas, porque naqueles trechos divulgados pela imprensa ele faz uma citação que não é verdadeira. Mente quem disse que indiquei o Marcus Cezar – disse, em entrevista nesta segunda-feira ao programa Roda Viva, da TV Cultura.
Segundo ele, Vargas o procurou no fim do ano passado – quando vice-presidente da Câmara – propondo uma parceria entre o laboratório Labogen e o Ministério da Saúde. Padilha, no entanto, negou que houvesse lobby do parlamentar e disse que o caso foi encaminhado ao departamento técnico da pasta.
– Sou ministro da Saúde e recebo o vice-presidente da Câmara, inclusive eleito para esse cargo por outros partidos, entre eles os da oposição. E esse é o papel do ministro. Se existisse alguma irregularidade (na parceria), filtros que eu criei impediriam que isso pudesse acontecer – ressaltou Padilha, acrescentando.
– Quem quisesse ter um laboratório de fachada, não teria sucesso nenhum numa parceria.
Segundo Padilha, se o PSDB, na campanha, insistir no assunto, se dará mal.
– O deputado vice-presidente da Câmara procurou, sim, o Ministério (da Saúde) para apresentar a proposta. Cumpri minha obrigação e o recebi. Encaminhamos para a área técnica, um fluxo regular e normal. Se (o PSDB) quiser bater nessa tecla, vai perder a eleição federal e vai perder também aqui em São Paulo.
Padilha falou ainda que, quando da campanha eleitoral de 2010, ao aparecer num vídeo pedindo voto para André Vargas, não havia nada que “desabonasse o deputado, até então”.
– Eu era ministro de Relações Institucionais do presidente Lula, em 2010, e indiquei uma série de deputados do PT e de outros partidos. Até aquele momento, não havia algo que desabonasse o deputado.
No Roda Viva, ao comentar o programa Mais Médicos, Padilha disse que não tem convênio médico e, quando questionado sobre se acha ou não justo um médico cubano ganhar R$ 1 mil mensais, foi enfático:
– O que era mais injusto era brasileiro não ter médico.
Padilha ainda criticou o governo do PSDB, principalmente nas áreas de abastecimento de água e segurança pública, disse que a crise envolvendo os governos do Acre, administrado pelo PT, e o de São Paulo em relação à chegada de haitianos deve ser mediada com diálogo e oportunidades aos estrangeiros.
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