• Composição da chapa para disputar o Planalto foi tema tratado apenas lateralmente, disseram os tucanos a aliados
Daniela Lima – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - Em meio às especulações sobre a indicação para a vaga de vice em sua chapa na campanha presidencial, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foi ao encontro do ex-governador José Serra na última quinta-feira, em São Paulo.
A reunião aconteceu em local reservado. Foi a primeira vez que eles estiveram a sós para conversar desde o ano passado. Segundo disseram a interlocutores, fizeram um diagnóstico das alianças do partido nos Estados.
O assunto da composição da chapa presidencial teria sido tratado lateralmente, sem que chegassem a uma conclusão sobre o tema.
Antes do encontro com Aécio, Serra disse a aliados temer que as especulações acabassem por colocá-lo como alguém que esteja pleiteando a vaga. "Ele ouve o que temos a dizer sobre o assunto com calma, mas fala pouquíssimo, mesmo quando provocado", resume um de seus homens de confiança no PSDB.
Aécio, por sua vez, tem consultado líderes de partidos aliados sobre o assunto. Segundo relato de pessoas com quem ele conversou, o mineiro sempre deixa claro que não tem posição fechada sobre o assunto e aborda o nome de Serra atribuindo à imprensa sua entrada na lista de possíveis vices.
Em conversa com Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, uma das siglas que fechou apoio ao seu nome, por exemplo, Aécio pediu uma avaliação sobre o impacto de uma possível aliança com Serra.
Outro político consultado foi o ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), que irá compor o palanque de Aécio na Bahia. Procurado, ele confirmou ter tratado do tema, mas não quis expor suas considerações publicamente.
Nasceu de aliados de Serra a teoria de que o ex-governador seria um bom nome para a vice. Circula ainda no partido a versão de que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso seria a favor.
Em entrevista à GloboNews, exibida na madrugada de ontem, FHC evitou se comprometer com o assunto. "Não sei se ele [Serra] quer nem se o Aécio vai topar. Não sei. Esse tema não chegou às minhas mãos", disse FHC.
Entre os tucanos, o único consenso é de que o tema acabou por contribuir para que o clima entre Aécio e Serra venha se tornando menos tempestuoso. Os dois disputaram por anos o protagonismo político dentro do PSDB.
Em 2013, Aécio reuniu as forças mais significativas da sigla em torno de seu nome e consolidou sua candidatura à Presidência quase como unanimidade dentro do partido. Serra, que inicialmente se colocou na disputa e chegou a negociar deixar o PSDB pelo PPS para ser candidato, acabou ficando no partido, mas guardou distância da pré-campanha de Aécio.
Desde que as especulações sobre a composição de uma chapa puro-sangue com o mineiro começaram a aparecer, Serra se reaproximou.
Esteve em jantar oferecido ao senador pelo ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) e prestigiou uma feira de agronegócio na qual cruzou com Aécio durante um almoço. Mesmo com a reaproximação, a possibilidade de um acerto entre os dois ainda é considerada remota no PSDB.
A lista de possíveis vices de Aécio inclui representantes de outros três partidos. No PSDB, além de Serra, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) era tido como principal nome. Na última semana, no entanto, ele se envolveu em uma briga com um blogueiro do PT e foi criticado por seu temperamento. A deputada Mara Gabrilli (SP) também é a outra cotada no PSDB.
Aécio deve anunciar seu vice até 14 de junho, data da convenção do PSDB.
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