segunda-feira, 12 de maio de 2014

FHC ataca Lula, e petistas reagem

• Tucano diz que PT pode perder mesmo com o ex-metalúrgico candidato e atribui ao sucessor falhas do governo Dilma. Governistas dizem que não há como comparar legados de PSDB e PT e garantem a presidente na cabeça de chapa

Grasielle Castro – Correio Braziliense

Já com o pé no debate eleitoral, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) desdenhou do movimento interno petista que defende a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um dos principais conselheiros do pré-candidato Aécio Neves (PSDB), o tucano disse que, mesmo se substituir Dilma Rousseff na cabeça de chapa, o PT corre o risco de perder as eleições. A declaração de FHC foi vista dentro do PT como uma forma de polarizar o debate entre os dois ex-presidentes, sem o protagonismo da presidente Dilma Rousseff, pré-candidata oficial à reeleição. "Não precisamos de Lula candidato para ganhar do PSDB, vamos ganhar com a Dilma", respondeu o deputado José Guimarães (PT-CE).

Embora a imagem do ex-presidente petista esteja em alta e seja considerada, por mais de metade dos brasileiros que querem mudanças na política, a melhor opção para a tarefa, ela tem sido um peso para os dois partidos. Além de dividir o PT, tornou-se alvo da oposição. Apesar do favoritismo retratado nas pesquisas, FHC acredita que Lula pode ser derrotado pelas condições do país. "É arriscado (Lula se candidatar), ele também pode perder. Do jeito que as coisas estão, a percepção do povo vai mudando rapidamente", disse. Na avaliação do tucano, a situação do país não é boa. "Quem ganhar o governo vai ter muito trabalho lá na frente", justificou em entrevista ao jornalista Roberto D"Avila, da Globonews.

A resposta do ex-presidente faz alusão ao movimento pelo retorno de Lula, que corre os corredores do Congresso, e às pesquisas de intenção de voto, divulgadas nas últimas semanas, que antes mostravam Dilma reeleita no primeiro turno e, agora, apontam para mais uma corrida às urnas. Para FHC, o país vive hoje o legado das decisões tomadas pelo ex-presidente, que foram vinculadas à presidente Dilma Rousseff. "A quebra de confiança, atribuem a Dilma, mas as políticas começaram na segunda parte do governo Lula. O grande divisor de águas aqui é a crise mundial", alfinetou. O tucano também aproveitou para reclamar a paternidade de programas que viraram marca do PT. "Bolsas, quem praticou fui eu. Reforma agrária, fiz três vezes mais que Dilma, até o aumento do salário mínimo, que por causa do real, aumentou bastante", listou.

Herança
Entre os petistas, a entrevista foi vista como mais um ataque gratuito. "O ex-presidente não sabe o que diz. Não tem nem como comparar o legado do Fernando Henrique com o do Lula. Se fizesse uma pesquisa, talvez ele não chegasse nem a um terço da preferência e reconhecimento que Lula tem. O governo da Dilma segue o mesmo caminho. Ela é nosso estandarte, e Lula, um militante da campanha", rebate Guimarães. O petista ressalta ainda que o ex-presidente faz críticas que não são compartilhadas pelo núcleo do PSDB. "Dizem que defendem o aumento do salário mínimo, mas votaram contra e vivem falando que o salário está alto demais. Não se decidem", alfinetou o petista.

O tucano também criticou os 12 anos de PT no Palácio do Planalto. Segundo ele, com o tempo, o governo perde a capacidade de se renovar. "A alternância de poder é sempre boa", arremata. Outro problema, segundo ele, é o uso da máquina pública por quem tenta reeleição. "Não imaginava que fossem usar tanto a máquina sendo presidente, eu não usei dessa maneira. É preciso ser mais cuidadoso com as regras. Quem está no cargo se beneficia automaticamente. Está o tempo todo na mídia", destacou. Embora tenha sido reeleito e o PSDB ocupe o Palácio dos Bandeirantes há 16 anos, o tucano ressalta que é preciso alguém que o povo confie para passar o poder. "O que, por enquanto, não aconteceu em São Paulo", emendou. A possibilidade de o ex-governador de São Paulo José Serra integrar a chapa de Aécio Neves como vice é vista com dúvida por FHC. Ele diz não saber nem se Serra aceitaria. "Nem (sei) se Aécio vai topar. O tema ainda não chegou às minhas mãos", resumiu.

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