• PT busca reafirmar compromisso de manter e ampliar programas de governo
• Ao adiantar promessas, presidente acena para eleitores que dizem desejar mudanças no próximo governo
Valdo Cruz e Tai Nalon - Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - De olho no desejo de mudança do eleitorado e buscando alfinetar o candidato tucano Aécio Neves, a presidente Dilma Rousseff decidiu incluir no discurso que oficializou sua candidatura à reeleição propostas para um segundo mandato.
Uma delas, o Plano de Transformação Nacional, reúne várias promessas feitas na última campanha e ao longo do mandato, mas com cara nova.
Segundo a Folha apurou, a cúpula da campanha petista quis fazer um contraponto com Aécio, cuja candidatura foi lançada duas semanas atrás, para explorar as diferenças entre as convenções dos dois partidos.
"Aécio fez um discurso superficial, não mostrou nenhuma proposta concreta, enquanto a Dilma já mostrou ao eleitorado um plano", disse um integrante da campanha.
O gesto é um aceno aos eleitores que dizem desejar mudanças no próximo governo --74%, segundo a última pesquisa Datafolha, realizada entre os dias 2 e 5 de junho.
Além disso, a equipe da campanha dilmista busca desassociar nomes da oposição da mudança desejada pelo eleitorado.
No Datafolha, Aécio aparece à frente de Dilma como o mais capaz de mudar a cara do governo. O tucano, porém, fica atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontado por 35% dos entrevistados como o mais preparado. Aécio é mencionado por 21%, enquanto Dilma é citada por 16% e o ex-governador Eduardo Campos, por 9%.
No governo, a avaliação é que Dilma e sua equipe precisam enfatizar os ganhos sociais das gestões petistas, uma vez que a área econômica sofreu desgaste com uma série de más notícias.
Ao aglutinar projetos já viabilizados ao longo dos últimos anos, o Plano de Transformação Nacional emerge como uma oportunidade de "vender" o compromisso petista de não só manter iniciativas como Luz Para Todos, Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida, mas ampliá-las.
Além da ênfase na mudança, a fala da presidente e, principalmente, as do ex-presidente Lula e do presidente do PT, Rui Falcão, miraram no sentimento de parcela do eleitorado que passou a vincular o governo e o PT a atos de corrupção.
Pesquisas internas do partido captaram essa percepção, que fragilizou não só a imagem do PT, mas também a da presidente Dilma, principalmente no episódio envolvendo a Petrobras.
Foi por isso que o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) passou a afirmar que o estigma da corrupção pegou. Pelo mesmo motivo, Lula e Falcão pediram na convenção que a militância vá às ruas e defenda o PT.
Velhas propostas
Quase todas as medidas anunciadas por Dilma na convenção são propostas antigas ou remodeladas.
Parceria com empresas de telefonia do setor privado, o Banda Larga para Todos é, na prática, a segunda fase de um programa do governo, com a novidade de propor maior velocidade de conexão à internet. O programa aguarda aprovação da presidente.
Dilma também voltou a anunciar a reforma política, que ela tentou emplacar, sem sucesso, como resposta às manifestações de junho do ano passado.
As reformas urbana e dos serviços públicos, incluídas no Plano de Transformação Nacional, são ideias nascidas de iniciativas já em curso, tais como melhorias na oferta da casa própria, no saneamento básico e na qualidade da saúde da população.
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