• Pelas contas de dirigentes da aliança, dos seis maiores partidos da chapa, apenas PDT terá candidatos apoiando a presidente Dilma
Paulo Celso Pereira – O Globo
BRASÍLIA e RIO — Após semanas de negociação, o ex-prefeito Cesar Maia (DEM) formaliza nesta segunda pela manhã, em um encontro no Hotel Guanabara, a adesão à chapa à reeleição do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), levando o DEM, o PSDB e o PPS a ingressarem oficialmente na aliança peemedebista. Assim, o movimento “Aezão”, de apoio à candidatura presidencial de Aécio Neves (PSDB) e à de Pezão ao governo, ganha caráter oficial. A notícia foi dada em primeira mão pelo jornalista Merval Pereira, em seu blog. Em nota oficial, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, desafeto de Cesar, chamou a adesão de “bacanal eleitoral”.
Pelo acordo, o ex-governador Sérgio Cabral cederá a candidatura ao Senado para Cesar e assumirá a coordenação da campanha de Pezão, sem disputar qualquer cargo público. A articulação foi selada ontem de manhã no apartamento de Aécio, em Ipanema, em uma reunião que incluiu o tucano, Cabral, Pezão, Cesar e o presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani.
Formalmente, o ex-prefeito Cesar Maia será o candidato majoritário do tucano no estado, mas a expectativa é que a formalização da aliança, que dará quase três minutos de TV a mais para Pezão, faça o “Aezão” se alastrar pelos palanques de deputados no estado. Pelo acordo, embora Pezão mantenha a posição de, pessoalmente, pedir votos para a presidente Dilma Rousseff, seu palanque ficará aberto para o presidenciável tucano. Os peemedebistas ainda não definiram se, na convenção regional do partido, que acontece esta semana, será fechada a questão em torno do apoio a Aécio para os candidatos a deputado federal e estadual.
— O “Aezão” caminhava para ser uma informalidade, mas agora será orgânico. O PT colocou em risco a candidatura da Dilma. Sabíamos que a aliança do Lindbergh com Romário ia incitar o “Aezão”, e não deu outra. A Dilma é a grande prejudicada, porque dividiu o palanque do PT, perdeu o do PMDB e não vai ter mais a classe política levando o nome dela. O Aécio ganhou a maior estrutura de poder do estado e uma parte significativa da oposição. Assim, ele vai conseguir coesão com os 18 partidos que vão formar aliança do Pezão, espalhando seu nome pelo estado — afirmou o deputado federal Pedro Paulo (PMDB-RJ), um dos principais aliados do prefeito Eduardo Paes.
Acordo pegou tucanos de surpresa
Pelas contas de dirigentes da aliança, dos seis maiores partidos da chapa — PMDB, PSD, PP, SDD, PTB e PDT —, apenas este último terá candidatos apoiando a presidente Dilma. Assim, a ampla maioria dos cerca de 1.400 candidatos a deputado federal e estadual da chapa de Pezão passaria a apoiar Aécio. O movimento foi uma reação explícita à aliança do PT com o PSB no Rio. Cabral e Pezão guardam mágoas do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que, durante anos, aprovou a presença de seu PSB no governo estadual, mas passou a atacar a dupla no ano passado, após os protestos de rua.
Diante da crise de popularidade de Cabral após as manifestações, Campos sacramentou em reunião da Executiva do PSB, em agosto passado, que não deixaria o partido apoiar Pezão. Uma frase do líder de Campos na Câmara, Beto Albuquerque, ao sair do encontro com o pernambucano, ficou guardada pelos peemedebistas do Rio:
— Não há a menor hipótese de ficar perto do pau que afundou: Sérgio Cabral, Pezão e companhia — disse Albuquerque na época.
Em nota oficial ontem, o prefeito Eduardo Paes reafirmou apoio a Dilma e criticou a escolha de Cesar, seu ex-padrinho político e hoje adversário.
“Eu continuo defendendo a chapa Dilma, Pezão e (o senador Francisco) Dornelles (PP). Depois da suruba, o que se vê agora é o bacanal eleitoral, e o Rio não pode ser vítima dele”, disse o prefeito, numa referência à declaração, na última sexta-feira, do deputado federal Alfredo Sirkis (PSB-RJ), que chamou de “suruba” a aliança entre o PSB e o PT no estado.
O acordo entre PMDB, PSDB e DEM surpreendeu até mesmo vereadores e deputados estaduais. Com as inúmeras garantias dadas por Cabral ao longo das últimas semanas de que sua candidatura era irreversível, parlamentares tucanos, por exemplo, começaram a encomendar material de campanha em que apareciam ao lado de Cabral. Houve quem tenha reclamado do dinheiro gasto.
— Nós vamos ter que começar do zero — disse a vereadora Teresa Bergher (PSDB-RJ).
No PPS, que vai compor a mesma chapa, também houve revolta.
— Não vou entrar em apoio clandestino. “Aezão” não existe. Para apoiar Pezão, é preciso que ele rompa com a Dilma oficialmente. Caixa dois eleitoral, não! — disse o deputado federal Stepan Nercessian (PPS-RJ).
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