• Briga política da atualidade contra tucano une antigos inimigos dos tempos de PC Farias, há 24 anos
Chico de Gois – O Globo
MACEIÓ — Em 1990, inconformado com a derrota para o governo de Alagoas, Renan Calheiros trouxe à tona um nome até então desconhecido da maioria da população: Paulo Cesar Farias. Renan estava irritado com Fernando Collor de Mello, então presidente da República, porque, em sua opinião, Collor, por meio de PC Farias, havia privilegiado a candidatura de Geraldo Bulhões ao governo, em detrimento da de Renan. Derrotado nas urnas, Renan, então líder de Collor na Câmara, abandonou o cargo e acusou PC de fazer um governo paralelo. O resto da história é de conhecimento nacional: Collor acabou sofrendo impeachment, no qual Renan Calheiros foi um dos principais articuladores, e o então deputado só fez aumentar sua influência nos governos, chegando a ser ministro da Justiça de Fernando Henrique e presidente do Senado em duas ocasiões.
Desde aquela época, Renan e Collor situaram-se em lados opostos em Alagoas. Em 2010, Collor tentou voltar a ser governador, mas Renan apoiou Ronaldo Lessa (PDT), que perdeu para Teotônio Vilela (PSDB). Este ano, porém, as arengas viraram coisa da história. Renan não é candidato, mas seu filho e herdeiro político, sim. O deputado federal Renan Filho (PMDB) concorre ao governo numa chapa que tem Collor como senador. Os dois, mais o ex-governador Ronaldo Lessa e 11 partidos, formaram uma aliança que denominaram Frente de Oposição ao grupo de Teotônio. O PT faz parte do bloco. A família Calheiros agora é toda elogios a Collor.
— Entendemos que, neste momento, ele (Collor) é o melhor para Alagoas — disse Renan Filho, para continuar nos afagos: — Alagoas reconhece que Collor tem feito um bom trabalho em Brasília.
Renan Filho reconhece que, desde 1990, as duas famílias não se relacionavam. Mas em 2012, nas eleições para a prefeitura de Maceió, os dois grupos estiveram do mesmo lado, ao apoiar Lessa.
Foi a praticidade política que juntou este ano Collor e Renan Filho. O senador não conseguiu reunir partidos que lhe dessem apoio para o governo e sabia que dificilmente conseguiria vencer o pleito. Decidiu disputar o Senado, mas sabia que precisava de apoio. Renan Filho também necessitava de aliança forte. E o PTB de Collor é um dos partidos que têm bom tempo de TV. Daí fluiu para a aliança.
Collor: “estamos com o mesmo propósito”
Collor não dá entrevista para a mídia nacional. Em seu site, postou um texto: “Todos estamos com o mesmo propósito: unir forças para resgatar Alagoas desse caos que se observa na Saúde, na Educação, na Segurança e em todas as áreas. O povo deseja mudanças reais, que tragam os ideais de uma nova geração que tem a gana de ver seu estado melhor.”
Renan procura colar na imagem da candidatura do filho e na de Collor a ideia de novidade. Renan Filho tem dito que, embora seja filho de um político tradicional do estado, representa a renovação.
— É natural o filho de um político seguir os caminhos do pai, como acontece em outras profissões.
Renan Calheiros era o nome preferido pelo governo para dar sustentação à campanha da presidente Dilma no estado governado pelo tucano Teotônio Vilela, mas ele declinou. Renan acha importante continuar no Senado, onde tem um poder como poucos. Além disso, considera importante aumentar a influência da família no estado.
Teotônio ficou isolado. Lançou para suceder a ele seu secretário de Ação Social, o ex-procurador Eduardo Tavares, prontamente apelidado pela oposição de ET. Mas o governador acha que a alcunha pode cair no gosto popular:
— O ET está em sintonia com o desejo das pessoas, de ter um jeito novo de fazer política — disse.
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