• Partido só tem candidato a governador com boas chances em Pernambuco
• Em São Paulo e Minas, opções são candidatura frágil ou aliança com tucanos, que preferem Aécio para presidente
Ranier Bragon – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Terceiro colocado na corrida ao Palácio do Planalto, Eduardo Campos (PSB) enfrenta problemas para colocar de pé seus palanques nos principais Estados do país, reflexo do que integrantes de sua própria equipe classificam como dificuldades de um partido "nanico em estrutura".
A lamentação foi feita a portas fechadas numa reunião da coordenação da campanha de Campos com a bancada de deputados federais na quarta-feira (28), acompanhada em parte pela Folha.
Candidaturas robustas a governos estaduais são um trunfo importante para os candidatos a presidente, ao lado do tempo para fazer propaganda na televisão e da capacidade de arrecadação de dinheiro para a campanha.
Campos ainda patina em dois desses quesitos. O tempo reservado para sua candidatura na propaganda eleitoral no rádio e na televisão deverá ser o menor entre os três principais presidenciáveis --pouco mais de 2 minutos em cada bloco de 25 minutos.
Nos Estados, muitas campanhas apresentam fragilidade, há candidaturas indefinidas e em alguns casos Campos pode ser obrigado a pegar carona com candidatos a governador que estão comprometidos com o apoio a seus rivais na corrida presidencial.
Nos dez maiores Estados brasileiros, que reúnem 75% da população do país, o único em que o PSB tem um candidato com ares de favorito é Pernambuco, reduto de Campos, que governou o Estado de 2007 até abril deste ano.
Lá, o presidenciável patrocina a candidatura de seu ex-secretário da Fazenda, Paulo Câmara, numa tentativa de reeditar o sucesso obtido nas eleições municipais de 2012, quando levou à vitória, na disputa pela Prefeitura do Recife, outro ex-secretário de seu governo, Geraldo Júlio.
Em São Paulo e Minas Gerais, as opções de Campos são lançar um candidato próprio, e com baixíssimas chances de vitória, ou unir-se às candidaturas tucanas, que na corrida presidencial tendem a privilegiar o apoio ao senador Aécio Neves (PSDB-MG).
A divisão de palanques com Aécio deverá se repetir também nos Estados do Paraná, Pará e Maranhão.
No Rio de Janeiro, Campos deverá se escorar no palanque do deputado federal Miro Teixeira, do Pros, partido recém-criado que está fechado com a campanha da presidente Dilma Rousseff (PT).
Na Bahia, a senadora Lídice da Mata (PSB) terá a tarefa de superar o até agora favorito Paulo Souto (DEM) e o candidato do governador Jaques Wagner (PT), Rui Costa.
"Não adianta inventar palanques. A realidade é que temos um candidato que quer unir o país e pode fazer composições, desde que com coerência", afirma o deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), pré-candidato ao Senado.
Marina
Nomes fortes para o Senado são uma das maneiras de tentar driblar as fragilidades nos palanques estaduais. Além de Albuquerque, outras apostas são o ex-atacante Romário, no Rio, e a ex-corregedora nacional de Justiça Eliana Calmon, na Bahia.
Mas a principal expectativa é obter a transferência de votos da ex-senadora Marina Silva, que recebeu 19,6 milhões na eleição presidencial de 2010 e foi escalada para ser vice na chapa de Campos.
"Ninguém menospreza a importância das estruturas nos Estados, mas em uma eleição de mudança, temos que recorrer a formas não convencionais", afirma o coordenador da campanha de Campos, Carlos Siqueira.
Para ele, o PSB poderá contar com a internet e o apoio de movimentos sociais para enfrentar essas dificuldades.
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