• Manifestantes aproveitam a presença da presidente na cidade para criticar contra os gastos do governo para a realização do Mundial do futebol. Em clima de campanha, Dilma afaga o PMDB fluminense
- Correio Braziliense
A menos de duas semanas do início da Copa do Mundo, a presidente Dilma Rousseff segue percorrendo o país, mas por onde passa se depara com protestos. Ela inaugurou ontem, no Rio de Janeiro, a Transcarioca, uma via exclusiva para ônibus BRT que liga o Aeroporto Internacional do Galeão à Barra da Tijuca. Ela percorreu rapidamente o trajeto, enfeitado com bandeiras e adereços nas cores verde e amarela. Ao longo do caminho, Dilma foi blindada por uma segurança reforçada por militares, por isso não teve contato com os manifestantes que protestavam contra os gastos públicos para a realização do torneio da Fifa no Brasil. No trajeto, a presidente parou em Madureira, próximo ao morro da Serrinha, onde, dentro de um ônibus, fez discurso.
Em ritmo de campanha, Dilma repetiu o discurso em defesa dos investimentos do governo federal para a realização do evento internacional. Segundo ela, as obras de transporte e mobilidade urbana são um legado para os brasileiros e não para os turistas que visitarão o país. "Diziam que a Copa do Mundo não tinha legado nenhum. Eu, pessoalmente, acho que nenhum legado é da Copa do Mundo, todos os legados são do povo brasileiro. Por exemplo, nós não estamos fazendo aeroportos para a Copa do Mundo. Nós estamos fazendo aeroportos para todos os brasileiros. Por acaso, vai ser usado na Copa do Mundo", discursou.
Dilma fez questão de enaltecer a parceria dos governo federal com o Executivo do Rio de Janeiro e a prefeitura da capital fluminense. Ela elogiou o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que será candidato ao governo fluminense e poderá ter como adversário o senador Lindbergh Farias (PT). "Na Rocinha, eu fui indicada pelo presidente Lula como mãe do PAC. E o presidente Lula, na mesma oportunidade, indicou o Pezão como pai do PAC no Rio de Janeiro. Eu quero dar uma salva de palmas também para o Pezão", disse a presidente, que, por onde passava, era recebida ao som de baterias de escolas de samba.
Cercada por uma plateia de convidados e trabalhadores da obra, Dilma apontou a importância do BRT, que, segundo ela, é uma variante do metrô. "Os ônibus parecem trens. São trens sob rodas. Percorrem uma via especial", frisou a presidente, ressaltando a rapidez do BRT, embora o transporte ainda não esteja 100% implantado.
Remuneração
Os trabalhadores que estavam na plateia receberam R$ 140 para ir ao evento, segundo o jornal Folha de S.Paulo. O valor é maior que o de um dia normal de trabalho de cada operário, por ter acrescido 50% de hora extra em função de a inauguração ter sido em um domingo.
Mais cedo, Dilma inaugurou o terminal 2 do aeroporto do Galeão, cuja obra permanece inacabada. Somente a área de embarque internacional está pronta. Depois de passar o dia no Rio, a presidente voltou para Brasília. Embalada pelo momento pré-eleitoral, Dilma passou todo o fim de semana longe do Palácio da Alvorada. No sábado, esteve em São Paulo, onde também enfrentou protestos e discursou em defesa da Copa do Mundo no Brasil.
No sábado à noite, músicos e o público do festival João Rock, em Ribeirão Preto — que reuniu mais de 30 mil pessoas — protestaram contra Dilma e a Fifa. Foram muitas vaias e xingamentos. Durante o show da banda O Rappa, o vocalista Falcão usou a palavra para criticar a Copa do Mundo. Ele lembrou que as eleições acontecerão logo depois do Mundial e que "a gente não pode se esquecer disso". "Eu jamais falaria isso, mas vocês veem que o desabafo é meu, é de vocês, é nosso, é de todo mundo", afirmou Falcão, antes de ressalvar que gosta de futebol, mas que é preciso ser honesto.
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