• Resultado de pesquisas prejudica arrecadação de campanha de pessebista
• Em terceiro lugar na corrida presidencial, candidato do PSB vê queda de entusiasmo de grandes financiadores
Marina Dias, David Friedlander - Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - As últimas pesquisas jogaram água fria no esforço que o ex-governador Eduardo Campos, candidato do PSB à Presidência da República, tem feito para recuperar apoio no meio empresarial.
Sua equipe notou que empresários perderam entusiasmo com sua candidatura nos últimos meses e torcia por colocação melhor nos levantamentos antes de bater à porta dos grandes financiadores.
O ex-governador declarou à Justiça Eleitoral que pretende gastar até R$ 150 milhões para financiar sua campanha.
Aborrecidos com a política econômica da presidente Dilma Rousseff, que concorre à reeleição, muitos empresários viam Campos como uma opção no início do ano, mas ele está em terceiro lugar na última pesquisa do Datafolha, com 8% das intenções de voto. Agora, estão mais inclinados pelo senador Aécio Neves (PSDB), que registra 20%.
O candidato do PSB despertou a atenção do setor produtivo quando se aliou à ex-senadora Marina Silva, em outubro do ano passado. Muitos analistas passaram a tratá-lo como a surpresa da corrida eleitoral, e ele foi convidado a conhecer fazendeiros, banqueiros e investidores.
Nas últimas semanas, aliados de Campos voltaram a procurar empresários e sentiram um clima menos eufórico. "Dilma vai receber mais do que todo mundo, porque é favorita", diz um experiente arrecadador de campanha.
A Folha ouviu quatro dos maiores doadores da campanha eleitoral de 2010, que pediram para não ter seus nomes publicados. Três disseram que ajudarão Campos, mas que as quantias mais gordas irão para Dilma e Aécio.
"A campanha está começando agora e há muito para acontecer", afirma o economista Henrique Costa, tesoureiro da campanha de Eduardo Campos. "O custo da campanha é elevado, mas não é nossa ambição atingir o teto de arrecadação de R$ 150 milhões. É difícil competir com partidos mais estruturados."
No esforço para convencer empresários de que Campos continua no jogo, seus aliados passaram a vender a ideia de que ele, e não Aécio, teria mais chances de vencer Dilma se houver segundo turno.
A pesquisa mais recente do Datafolha, concluída na semana passada, mostra que a petista teria 44% das intenções de voto contra 40% do tucano se o segundo turno fosse hoje. Caso o adversário fosse Campos, Dilma teria 45% frente a 38% dele.
Mapa eleitoral
Campos tem usado outro argumento para dobrar os que preferem Aécio: é preciso patrocinar um terceiro candidato para que a disputa não seja definida no primeiro turno.
A equipe do ex-governador tem mostrado a empresários um gráfico com o mapa das votações obtidas pelo PT e pelo PSDB no segundo turno de 2010, quando a presidente Dilma Rousseff foi eleita.
Segundo os dados, os eleitores do Norte e do Nordeste foram responsáveis pela vitória de Dilma. Campos, do Nordeste, e Marina, do Norte, poderiam anular a vantagem petista nessas regiões.
Por influência de Marina, a campanha definiu que não se empenhará para buscar doações de indústrias de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e agrotóxicos, mas houve conversas com a Ambev, gigante mundial da cerveja.
Campos esteve com representantes da empresa na semana de largada da campanha. A cervejaria confirma que ajudará o pessebista, mas ressalva que serão contribuições modestas. Nas eleições de 2010, a Ambev deu R$ 5 milhões a vários candidatos.
Campos também procurou o grupo JBS, do setor de carne. Terceiro maior doador em 2010, com R$ 76 milhões para candidatos de vários partidos, o grupo deu R$ 2 milhões ao PSB em 2013 e afirma que voltará a apoiá-lo neste ano.
Rubens Ometto, dono do grupo Cosan, acompanhou Campos recentemente em encontros com outros investidores. À Folha, o empresário afirmou, por meio de sua assessoria, que "não vai declarar apoio a nenhum candidato" e que "apoia a democracia e o crescimento do país".
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