- O Estado de S. Paulo
Um terço dos eleitores que declaram voto em Geraldo Alckmin (PSDB) no Datafolha dá a seu governo nota 6 ou pior. É, ao mesmo tempo, uma vulnerabilidade do tucano e um sinal de que nem Paulo Skaf (PMDB) nem Alexandre Padilha (PT) se tornaram conhecidos o suficiente dos paulistas. Ou - pior para a oposição - não os convenceram de que são melhor opção que Alckmin.
A eleição para governador de São Paulo mal existe no noticiário, e menos ainda na cabeça do eleitorado. A Copa no Brasil agravou o que quase sempre ocorre: o monopólio das atenções vai para a eleição presidencial.
Em situações assim, governadores bem avaliados levam vantagem, e não apenas porque estão mais presentes na memória do eleitorado. Quando há um problema que o eleitor acha que precisa resolver com urgência - como no Rio de Janeiro -, ele presta mais atenção às candidaturas. Em São Paulo é diferente.
Apesar da falta de água, do PCC e do aumento dos crimes contra o patrimônio, Alckmin ainda leva nota 6,2 dos paulistas. Praticamente voltou ao patamar em que estava antes de eclodirem as manifestações de rua em junho de 2013. Mas a eleição para governador não está definida antes de começar.
O PT ainda tem a simpatia de 18% dos eleitores paulistas. Hoje, 46% desses petistas dizem que vão votar em Alckmin. Padilha só está conseguindo cativar 13% dos simpatizantes de seu partido, menos até do que Skaf - que tem 20% no petismo.
Após a propaganda eleitoral começar na TV com Lula no papel de "âncora" dos petistas, é provável que esse simpatizante do PT migre para Padilha. Nem todos, pois 24% dizem que não votariam nele de jeito nenhum, mas a maioria. Pode ser o suficiente para levar o ex-ministro a um patamar equivalente ao de Skaf.
A questão é se isso bastará para provocar dois turnos em São Paulo, algo que não acontece desde 2002, quando Paulo Maluf teve 21% dos votos, tirou eleitores de Alckmin e, por tabela, ajudou José Genoino (PT) a ir ao segundo turno.
Metade dos eleitores de Dilma Rousseff (PT) em São Paulo está declarando voto em Alckmin, segundo o Datafolha. A chapa "Dilmalckmin" é a segunda mais popular entre os paulistas hoje, com 13% das preferências. Só perde para a "Alckmécio", que chega a 18% do eleitorado. Muitas partes vão trocar de corpo até a urna e reconfigurar esse Frankenstein eleitoral.
Só o amor elege. A eleição para senador em São Paulo tende a ser mais surpreendente do que os 34% de José Serra (PSDB) contra os 29% de Eduardo Suplicy (PT) no Datafolha fazem crer. Suplicy tem potencial para virar a disputa - mas depende dos caciques petistas para crescer. Não é algo que virá automaticamente. Há corpo mole. O senador precisará de Dilma e de Lula.
Fato raro entre seus colegas de partido, Suplicy vai melhor entre eleitores com nível superior (37%) do que entre quem tem baixa escolaridade (24%). Há oito anos sem disputar eleição, está 10 pontos atrás do ex-governador e ex-prefeito Serra no eleitorado mais pobre. É aí que Dilma e Lula podem ajudá-lo.
Só metade dos simpatizantes petistas e só 40% dos eleitores de Dilma declaram voto em Suplicy. A única chance do senador é aumentar seu alinhamento com a presidente, e, assim, fazer a máquina do PT começar a trabalhar para ele.
Por outro lado, se começar a criticar muito os tucanos, Suplicy também pode perder votos: hoje, 1 de 4 eleitores de Alckmin prefere o petista a Serra. Se o debate se polarizar, o tucano tende a avançar no eleitorado do governador, entre o qual só atinge 50% por enquanto.
Em resumo, tanto Suplicy quanto Serra precisarão melhorar suas relações com os respectivos colegas de partido - o que não é fácil para nenhum deles. O mais bem sucedido na conquista do "amor" partidário tende a ganhar a vaga paulista no Senado.
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