Gabriela Guerreiro, Ranier Bragon, Renata Agostini e Mariana Haubert – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff negou nesta quarta-feira (30) a possibilidade de um "tarifaço" nos preços caso seja reeleita de outubro. Em entrevista após sabatina na CNI (Confederação Nacional da Indústria) com os presidenciáveis, Dilma negou que seu governo esteja segurando preços numa estratégia para alavancar sua campanha, promovendo posteriormente um aumento em grande escala dos preços no país.
"O que justifica essa hipótese do tarifaço? Significa a determinação em criar expectativas negativas no momento pré-eleitoral. Pregar esse tarifaço agora é para assustar as pessoas e as empresas", disse."Essa história do tarifaço é mais um movimento no sentido de instaurar pessimismo, comprometer o crescimento do país", completou.
Candidata à reeleição, Dilma comparou o que chama de "boato" do tarifaço ao suposto racionamento de energia que ocorreria em seu governo. "O que você acha que uma empresa pensa quando passam a falar que haverá racionamento? Pensa que não haverá energia elétrica para ela mesma e para os seus clientes, então eu restrinjo a minha produção. É o primo-irmão do racionamento perfeito. São profecias que não se realizarão."
Dilma também comentou a proposta de seus adversários de reduzir à metade seu atual número de ministérios (39). A presidente defendeu nominalmente algumas pastas, como Igualdade Racial e direitos Humanos, e questionou: "qual é o ministério que eles querem acabar? Quando eles disserem, a gente discute".
No debate na CNI, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) defenderam a redução no número de ministérios, mas não revelam quais seriam as pastas extintas, caso eleitos. Aécio prometeu reduzir à metade, além de diminuir em um terço o número de servidores comissionados do governo. Campos criticou o "aparelhamento" do Estado e o número excessivos de cargos no primeiro escalão do governo.
Reforma tributária
Sobre a reforma tributária, Dilma defendeu a sua aprovação fatiada, como tramita no Legislativo. A presidente disse esperar que o Congresso discuta o tema no primeiro ano do novo governo, em 2015, quando considera que há "força política" para a discussão do tema.
"Eu acredito que é muito mais difícil você passar uma reforma integral, completa, porque o processo de negociação fica muito complexo. No primeiro ano de governo, os governos têm maior força política. É possível fazer essa tentativa", afirmou.
Dilma disse esperar a aprovação de propostas que já tramitam no Legislativo, como a que reduz alíquotas do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
Em relação à reforma política, a presidente voltou a defender a aprovação de plebiscito pelo Congresso questionando a população sobre as mudanças que devem ser implementadas no sistema político.
"Só acredito que o Brasil fará reforma política por meio de uma ampla participação popular que dê a legitimidade dessa transformação, daí porque definimos como sendo prioritário o plebiscito", afirmou
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