Nivaldo Souza, Erich Decat e Daiene Cardoso – O Estado de S. Paulo
O encontro entre empresários e os três principais presidenciáveis, durante sabatina com Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Eduardo Campos (PSB), promovida pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), não serviu para que os industriais declarassem publicamente em qual deles poderiam votar em outubro.
O conselheiro do Conselho de Administração e ex-presidente do Grupo Ultrapar, Pedro Wongtschowski, foi um dos industriais que saíram das sabatinas preferindo não definir um apoio claro a nenhum do candidatos. Segundo o conselheiro do grupo dono de empresas como Ipiranga, Ultragaz e Oxiteno, a campanha será uma longa disputa de pugilistas até o segundo turno do pleito, no final de outubro. "Acho que é um longo caminho e cada candidato procurou tomar sua posição. Essa é uma luta de boxe de 12 rounds", considerou.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, foi outro industrial que saiu da sabatina evitando declarar preferência por um dos três principais postulantes ao Palácio do Planalto. "Acredito que os três candidatos se apresentaram de forma positiva para o setor produtivo", avaliou. "Vamos avaliar as condições das propostas para ver qual a que melhor se adapta para o setor automotivo. Mas a Anfavea não é uma entidade que declara apoio formal", afirmou.
O setor automotivo vive um momento de crise, segundo Moan, atingindo "o fundo do poço" das vendas em junho. Apesar dos estoques altos, o presidente da Anfavea se disse confiante em um segundo semestre positivo para as vendas de automóveis, indicando queda nos estoques e uma previsão de PIB de 1,8% para o ano até dezembro. "Eu não vejo os indicadores com a visão pessimista que o mercado tem", considerou. "Acredito que o PIB deste ano será mais perto de 1,8% do que de 0,9%", comparou, em relação à previsão de analistas de mercado medida pelo Boletim Focus, do Banco Central.
Sistema tributário
O presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, defendeu que o próximo presidente da República deveria adotar, como principal prioridade para o setor industrial, a adoção de um sistema tributário que não seja cumulativo. Questionado pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, se o caminho seria adotar o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), como defenderam na sabatina os presidenciáveis Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB), Gerdau disse que não precisaria nem adotar o IVA.
"É fazer todo o sistema tributário ser não cumulativo, e isso vale para a indústria, para o IPI, para o PIS/Cofins, para o ICMS e o imposto de serviços", disse Gerdau, ao final da sabatina de Dilma Rousseff.
O empresário disse que o cenário internacional exige desafios importantes ao setor, especialmente na competitividade da indústria nacional. Segundo ele, o empresariado "se desdobra" com a produção para competir. Gerdau disse ainda que a presidente "colocou bem" a questão da competitividade, com dificuldades em impostos e na logística, como grande desafio para a área.
Para Gerdau, embora considere que não haja uma opinião comum do setor industrial sobre qual a demanda principal, o sistema tributário é o "maior fator" da falta de competitividade atual.
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