- Correio Braziliense
Dilma responsabilizou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelos problemas de infraestrutura e saiu pela tangente quando falou sobre a correção da defasagem das tarifas públicas
Os que esperavam um mea-culpa e o anúncio de mudanças de rumos na política econômica de parte da presidente Dilma Rousseff(PT), candidata à reeleição, saíram frustrados da sabatina promovida ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com participação dos principais candidatos a presidente da República.
Se depender dos aplausos, saíram-se melhor com os empresários o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), que bateram duro na gestão da economia, embora a presidente da República, acompanhada do vice, Michel Temer, e de seus principais ministros, tenha mobilizado grande atenção.
Dilma fez um balanço róseo das atuação de seu governo na economia, mas pegou carona nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para se defender das críticas que vem sofrendo dos agentes econômicos e da oposição.
Mesmo com a industria nacional à bancarrota, defendeu enfaticamente a sua política industrial, Citou como exemplo a polêmica política de financiamento do BNDES, que é muito criticada por favorecer grandes grupos econômicos escolhidos a dedo pelo governo, e a indústria naval, que passou a receber encomendas da Petrobras.
A maioria dos empresários presentes, apesar dos elogios formais de alguns diretores da CNI, até achou graça das loas de Dilma à desoneração de tributos e o aumento das compras governamentais, à formação técnica com foco na inovação, ao estabelecimento de marcos regulatórios e dos investimentos em infraestrutura. É que a indústria brasileira está no maior sufoco.
A presidente da República voltou a atacar os críticos do governo: "A pior coisa que pode acontecer com a pessoa, empresário, quando tem que enfrentar desafio ou uma crise, em qualquer atividade, em especial na atividade econômica, a pior coisa é ficar pessimista. O pessimismo tem o condão de ter consequências graves. Expectativas pessimistas bloqueiam as realizações", disse.
Culpou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pelos problemas de infraestrutura e saiu pela tangente quando foi obrigada a falar sobre as medidas que precisarão ser adotadas após as eleições para corrigir a defasagem das tarifas públicas. "Essa história do tarifaço é mais um movimento no sentido de instaurar pessimismo, expectativas negativas, comprometendo o crescimento do país. O que uma empresa pensa quando passam a falar que vai haver racionamento? Eu não posso investir porque vai ter restrição da energia, então eu restrinjo a produção", declarou.
Alternativas para a crise
O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, durante a sabatina, anunciou que, se eleito, vai propor logo na "largada" do governo um projeto de simplificação do sistema tributário. Segundo ele, a simplificação é necessária para garantir maior competitividade da indústria brasileira, com a redução dos encargos tributários. Para Aécio, é preciso avançar em políticas que incentivem o investimento privado em obras, principalmente de infraestrutura.
O tucano desceu o sarrafo na gestão do PT na economia. Chamou de "pífios" os resultados obtidos pelo governo, em consequência de escolhas erradas. "A grande verdade é que, ao longo dos últimos 12 anos, o atual governo demonizou as privatizações, as concessões e as parcerias com o setor privado. Mas eu aprendi muito cedo que o ativo mais valioso da política é o tempo. E o aprendizado do PT no governo vem custando muito caro ao Brasil", disse.
Eduardo Campos (PSB) também defendeu uma reforma tributária, cujo projeto apresentaria na primeira semana de governo, caso seja eleito. Foi duro contra o "presidencialismo de coalizão", numa referência às alianças do governo com vários partidos, numa espécie de loteamento. Prometeu por fim à relação do governo federal com os partidos com base na troca de ministérios por apoio político no Congresso.
"É fundamental que possamos ter no Brasil a produtividade do setor público, do setor privado, que hoje é baixíssima, e a produtividade não é chegar distribuindo ministérios para uma porção de partidos políticos", disse.
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