• Partidos, políticos e sindicatos que ajudam esses grupos cometem ilegalidade por serem cúmplices de atentados, e apoiarem organizações antidemocráticas, contrárias à Carta
Não demorou muito para que grupos de black blocs e vândalos em geral aproveitassem a onda de manifestações de rua convocadas à margem de partidos e máquinas sindicais, no meio do ano passado, para barbarizar.
Os ataques ao patrimônio público e privado passaram a se suceder, também em São Paulo. Repórteres da imprensa profissional também se transformaram em alvo. Até que, em fevereiro, um rojão disparado por dois black blocs, na região da Central do Brasil, no Rio, matou o cinegrafista Santiago Andrade, da Bandeirante. A polícia agiu e prendeu os autores do homicídio, Caio Silva de Souza e Fábio Raposo, réus à espera de sentença.
Os desdobramentos das investigações reforçaram a ideia de que havia alguma organização e planejamento por trás, inclusive com apoio em gabinetes de partidos mais à esquerda. O PSOL, um deles, continua a negar.
O trabalho da polícia avançou até que, no sábado 12, véspera da final da Copa, a Justiça decretou a prisão preventiva de um grupo, entre eles Elisa Quadros, Sininho, militante com liderança entre os black blocs. Depois, liberada parte do material colhido pela polícia nas investigações, ficou-se sabendo que poderia ter havido uma carnificina na manifestações que programaram para o dia seguinte, o da final, na Tijuca.
A reação de políticos é despropositada. Os deputados do PSOL Jean Wyllys e Chico Alencar, e Jandira Fegalli (PCdoB) chegaram a formalizar no CNJ reclamação com o juiz fluminense Fávio Itabaiana. Pouco depois, o GLOBO começou a publicar trechos do relatório encaminhado pela polícia à Justiça, sobre o grupo, em que grampos legais registram, entre outros, Sininho e uma professora de filosofia da UERJ, Camila Jourdan, em conversas para a compra de fogos de artifício, com referências à confecção de bombas molotov e outras armas artesanais usadas nas ruas.
O pedido de asilo ao consulado do Uruguai pela advogada Eloísa Samy, com prisão decretada, denuncia a visão distorcida da realidade brasileira que têm black blocs e aliados. Esquecem-se de que vigora há tempos no Brasil o estado de direito democrático, em que há leis a serem cumpridas por instituições republicanas. O Uruguai, com acerto, não concedeu o asilo, por este mesmo motivo.
O trabalho exemplar da Polícia e da Justiça fluminenses demonstra que a liberdade de expressão não pode ser usada para a prática da violência — homicídio, destruição do patrimônio público e privado. É assim em qualquer democracia no mundo. Partidos e sindicatos (Sepe, Sindiprev, Sindipetro) que ajudam esses grupos precisam estar conscientes que cometem uma ilegalidade, por serem cúmplices de atentados, e apoiarem organizações antidemocráticas, contrárias à Constituição.
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